E se a essência não for importante, o que te constitui em algo individual, em algo único? Se não somos algo único, não temos qualquer importância. Ser algo único é ser carregado de significado. O significado pode ser interno, mas também pode ser socialmente atribuído. Uma relação simbiótica se constrói para o exercício do nosso significado. Nosso significado não existe se não pode ser exercido, como um corpo morto.
O sentido da vida é a busca do significado incessantemente, posto que quando cessa, cessa a vida também. Nossa essência não é imbuída de qualquer significado. Nossa gênese, nossa temporalidade, a efemeridade de nossos atos são parte do nosso veículo: o corpo. O corpo é o meio pelo qual se constitui a consciência e através dela o significado. Quando a consciência está confusa, é difícil ver o significado. Quando ela está ausente, não somos nem mesmo responsáveis pelos nossos atos. A busca da religião é a busca de um propósito. A busca de grupos identitários é a busca de um significado social.
Essencialmente, nascemos mortos e ao crescer, criamos a nossa vida. A senciência não é consciência. A consciência é capaz de distinguir e separar a nossa existência de outras. A consciência percebe a morte. A consciência apercebe a morte. A morte é de onde viemos e para onde vamos. A senciência é apenas um instrumento para verificar nossas vontades, as necessidades de um organismo vivo. É fundamental para a existência da consciência, sem sê-la de fato.