Eu queria fazer uma canção pra ti
Só que meu coração só faz bum, bubumbumbum
O silêncio do vento é um violino natural
O meu grunhido é profundo e leve
No escuro de um coração distante
Se enche o pulmão a cantar
Que o verde é vermelho
Que o amarelo é vermelho
E o resto é mar
As ondas como tambores dão um ritmo calmo e acentuado
Tu apareces no fundo dos meus olhos
As goteiras dos meus olhos não se acalmam
No meu sangue preto de tanto correr
Compassos rápidos de quem vai atrás da vida
Fogem e se escondem dentro de mim
O teu brilho se reflete em Vênus e chega até mim
Fazendo tilintar as taças de vidro ao meu redor
Eu prefiro perder esta realidade a me afastar de ti
E assim tua música se acaba em mim
Pro meu amor, nascer e morrer feliz.
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sábado, 14 de dezembro de 2013
sábado, 20 de abril de 2013
Primeiro encontro
Meu cabelo balança com o vento
E o toque do teu dedo
É que me faz arrepiar
É na dança, na rua, na chuva
Na mesa, na vida, na tua
Na lua é que está minha cabeça
Um dia eu vou estar à toa
Noutro dia você vai estar
Na minha
Que surja sem medo
Sem distanciamento, sem receio
A mensagem de saber que ele veio
Quando eu tiver voado
E você estiver à toa
Vai ficar tudo numa boa
Num dia tudo é boca
O vestido é dança
Noutro dia você vai estar...
Marisa Monte é fogo que arde mesmo sem se ver.
E o toque do teu dedo
É que me faz arrepiar
É na dança, na rua, na chuva
Na mesa, na vida, na tua
Na lua é que está minha cabeça
Um dia eu vou estar à toa
Noutro dia você vai estar
Na minha
Que surja sem medo
Sem distanciamento, sem receio
A mensagem de saber que ele veio
Quando eu tiver voado
E você estiver à toa
Vai ficar tudo numa boa
Num dia tudo é boca
O vestido é dança
Noutro dia você vai estar...
Marisa Monte é fogo que arde mesmo sem se ver.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Così è l'amore
Meu amor, um pedaço de tudo
Meu amor, mais um mundo
Meu amor, o mundo inundo
Meu amor, assim te imundo
Assim que cada beijo meu se desfaz
Eu perco em mim um pedaço de mar
Se indo cada vida que eu tive, amar
No teu quebra-cabeças, como uma peça a mais
Cada pensamento me faz pensar que sou tua
E que cada momento se resolve em teu olhar
Na vivência da distância, me reflito na lua
A lua que molha tua praia
Só de pensar em ti, se ia cada idéia
Se ia cada desejo, cada vontade minha
Ah, estar ébria e ser tua.
domingo, 22 de julho de 2012
In nome dell'amore
Caminavo tranquila nel parco e ho pensato
Che bella mattina! Il vento nel viso e le parole nella testa
Mi sentivo leggera como il tempo
Stavo ricordando di ieri sera
Lui mi ha chiamato e quando ho girato per vederlo
Nostri occhi si hanno fermato insieme
Un baccio caldo, le mani tremule
É stata la prima volta in che ci conosciamo in verità
Circa noi, solo la nostra intimità e i nostri amici
Parlavano delle bugie sull'innamorati
E se quando finisce l'amore rimane amicizia
Ieri sera, le persone nella sala da pranzo
Erano occupati di nascere e morire
D'amore
Grazie, Rita Lee.
Versão em português:
Em nome do amor
Caminhava tranquila no parque e pensei
Que bela manhã! O vento na cara e os pensamentos na cabeça
Me sentia leve como o tempo
Estava me lembrando de ontem à noite
Ele me chamou e quando girei para vê-lo
Nossos olhos pararam juntos
Um beijo quente, as mãos trêmulas
Era a primeira vez em que nos conhecíamos de verdade
Próximos a nós, só a nossa intimidade e os nossos amigos
Falavam das mentiras sobre os namorados
E se quando acaba o amor, fica a amizade
Ontem à noite, as pessoas na sala de jantar
Estavam ocupadas em nascer e morrer
De amor
Obrigado, Rita Lee. Tá, esse não passou no meu senso de estar bem escrito, mas eu queria treinar meu italiano, hehe. Era um tema muito melhor para um conto, mas por hora ficará assim.
Che bella mattina! Il vento nel viso e le parole nella testa
Mi sentivo leggera como il tempo
Stavo ricordando di ieri sera
Lui mi ha chiamato e quando ho girato per vederlo
Nostri occhi si hanno fermato insieme
Un baccio caldo, le mani tremule
É stata la prima volta in che ci conosciamo in verità
Circa noi, solo la nostra intimità e i nostri amici
Parlavano delle bugie sull'innamorati
E se quando finisce l'amore rimane amicizia
Ieri sera, le persone nella sala da pranzo
Erano occupati di nascere e morire
D'amore
Grazie, Rita Lee.
Versão em português:
Em nome do amor
Caminhava tranquila no parque e pensei
Que bela manhã! O vento na cara e os pensamentos na cabeça
Me sentia leve como o tempo
Estava me lembrando de ontem à noite
Ele me chamou e quando girei para vê-lo
Nossos olhos pararam juntos
Um beijo quente, as mãos trêmulas
Era a primeira vez em que nos conhecíamos de verdade
Próximos a nós, só a nossa intimidade e os nossos amigos
Falavam das mentiras sobre os namorados
E se quando acaba o amor, fica a amizade
Ontem à noite, as pessoas na sala de jantar
Estavam ocupadas em nascer e morrer
De amor
Obrigado, Rita Lee. Tá, esse não passou no meu senso de estar bem escrito, mas eu queria treinar meu italiano, hehe. Era um tema muito melhor para um conto, mas por hora ficará assim.
sábado, 26 de maio de 2012
Sente-a
Beija eu
Seja eu
Veja eu e então beija
O que é seu é seu
O seu olhar é seu
O seu beijo
É o seu olhar
O seu olhar é seu
Seu olhar melhora
O meu e o seu
O seu olhar
Beija eu
Deixa eu
Meu olhar no céu
Foi o que se escondeu
Então leia eu
Risca eu
Lembra eu
E lembra do que aconteceu
E só fica comigo
Se eu seja eu
Obrigado Marisa Monte e Arnaldo Antunes. Sua arte me faz melhor. Fico feliz de que eu não consigo querer mal, e mesmo que possa ter acabado, o que foi passado será lembrado. Felizmente não digo que adoro uma pessoa e subitamente não a quero bem. Nunca esqueça, quando estiveres com uma pessoa de quem gostas, sente-a, ;) and keep sweet...
Seja eu
Veja eu e então beija
O que é seu é seu
O seu olhar é seu
O seu beijo
É o seu olhar
O seu olhar é seu
Seu olhar melhora
O meu e o seu
O seu olhar
Beija eu
Deixa eu
Meu olhar no céu
Foi o que se escondeu
Então leia eu
Risca eu
Lembra eu
E lembra do que aconteceu
E só fica comigo
Se eu seja eu
Obrigado Marisa Monte e Arnaldo Antunes. Sua arte me faz melhor. Fico feliz de que eu não consigo querer mal, e mesmo que possa ter acabado, o que foi passado será lembrado. Felizmente não digo que adoro uma pessoa e subitamente não a quero bem. Nunca esqueça, quando estiveres com uma pessoa de quem gostas, sente-a, ;) and keep sweet...
domingo, 13 de maio de 2012
Máscara
Estava sozinho há tempos
Idéias, vontades e desejos não são companhias
E quando dançar se torna uma forma de se relacionar
Escrever se torna uma forma de fugir
Quando eu acho que devo avançar
Tu te escondes e parece que nada é sério
E quando eu recuo, sem saber o que fazer
O ataque é rápido, me perco em nós
Podes ser complicada, confusa, ilógica
Distante, arredia, intensa
E o que faço? Paro de pensar.
Te sinto!
Sem medo e sem pudor
E assim, no Brasil, acaba o monopólio da correspondência. Uma paixão nova, uma sensação nova.
Idéias, vontades e desejos não são companhias
E quando dançar se torna uma forma de se relacionar
Escrever se torna uma forma de fugir
Quando eu acho que devo avançar
Tu te escondes e parece que nada é sério
E quando eu recuo, sem saber o que fazer
O ataque é rápido, me perco em nós
Podes ser complicada, confusa, ilógica
Distante, arredia, intensa
E o que faço? Paro de pensar.
Te sinto!
Sem medo e sem pudor
Te adoro
Cada vez mais te conheço
Cada vez mais me conheçoCada vez mais te conheço
E assim, no Brasil, acaba o monopólio da correspondência. Uma paixão nova, uma sensação nova.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
O mundo é pequeno
Quando vejo seu sorriso
Me perco em sentimentos
Abro um sorriso e rio
Olhares são meus documentos
Queria sair daqui
E sumir em você
Libertar o pássaro
Que é o meu coração
E quando te vejo partindo
É como se eu deixasse de enxergar
É como se eu deixasse de chegar
Fico como um avião sem aeroporto
Que quando olha pra baixo
Só vê uma imensidão de infinidades
Acho que eu só queria dizer bom dia, né, amore?
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Insônia de você
Aquela noite parecia dia
Teus olhos irradiavam desejos
O calor fazia o inverno esquecer
E eu queria deixar de lembrar que já ia
Parecia que não te conhecia
Mas sabia que não tinha volta
Como lidar com essa emoção nova?
Bom que a gente se reencontraria
Esta sintonia me devora
Eu queria pôr a mesa
Só pra você comer
Agora, passo noites verdadeiras
De noite na cama, pensando
Morrendo de vontade de você
Obrigado, Caê.
Dedicado a uma nova emoção! Quem fez, vai entender. :D
sábado, 16 de abril de 2011
Arrepio
Eram onze horas, já se aproximava o horário de almoço. Desde o início da manhã - não havia ainda tomado café -, eu tentava resolver um problema, sem sucesso. Meu trabalho sempre me foi satisfatório e aquele problema me incomodava. Não faz sentido, eu dizia, continuando a procurar cabelo em ovo.
Entretanto, minha cabeça girava em torno de dois problemas, que se entrelaçavam e me rompiam mutuamente. Eu estava apaixonada, era verdade. Aliás, era tanto uma novidade quanto a forma como ele lidava comigo. Ele estava diferente, comentava minhas mudanças para mim e para os outros com elogios discretos. Isso me confundia, de certa forma, talvez ele sempre fosse assim e apenas agora o visse com outros olhos.
Então, tive a impressão de que algo iria acontecer. Todos combinavam um almoço fora, certos da presença de todos. Eu tinha outros planos, porque a ânsia de resolver meu problema era grande. O relatório estava pronto, mas em algum ponto desandava e eu não conseguia obter meu resultado, que era óbvio, mas devia ser demonstrado. Ele deliberadamente não se pronunciava sobre o almoço, até que o convidaram objetivamente. No que ele recusou, insistiram pedantemente - diziam que ele não se misturava - pela sua presença, no que ele comentou brevemente sua insatisfação com o lugar escolhido. Eu também havia rejeitado o convite, pois devia terminar o relatório o quanto antes possível, como se fossem informações desconhecidas de meus superiores.
Todos já haviam saído para o almoço e chegava o meio-dia quando consegui terminar meu relatório. Aliviada, imprimi e levei à minha chefe, que já havia saído para almoçar. Este formato de hierarquia sempre me pareceu estúpido, ainda mais quando vai além de ser ineficaz e prejudica a vida dos subordinados. Entretanto, sabia insconscientemente, desde quando acordara, que seria um bom dia.
Quando voltava à sala, meu colega estava se ajeitando para sair. Eu comentei contente de ter resolvido meu problema, mas demonstrando incômodo pela falta de consideração da chefia. Eu senti no olhar dele a vontade de me retribuir, quando me convidou para acompanhá-lo durante o almoço. Estou livre, respondi, como um jeito de dizer que não tinha outros planos, vamos, continuei. Ele então mostrou uma face enigmática, enquanto seu corpo se levantava e seu braço cruzava minhas costas repousando no meu ombro, me dirigindo em direção à saída. Ele se mostrava imponente, era mais alto e muito mais forte do que eu. Estava protegida, acolhida, tão próxima dele, cada vez mais sentimental.
Fomos assim até seu carro. Ele entrou e por dentro abriu a porta para mim. Logo nos ajeitamos, ligou o carro e o rádio e partimos. Começamos a andar por ruas desconhecidas quando começou a tocar uma música linda. Fiquei arrepiada, esta música me deixa sempre emocionada. Ele notou, constrangido, e segurou minha mão muito sem jeito. Meus olhos deixaram de ficar embargados e começaram a chorar. Fiquei envergonhada e queria muito expor meus sentimentos e por isso chorava mais, pois estava brigando comigo mesma.
Ele então desligou o rádio e sorriu. Naquele momento, só queria que ele soubesse como o quero tanto. Chegamos no local. Ele realmente tem bom gosto e fez muito sentido sua escolha, além de demonstrar o quanto era seguro de si. O local era espaçoso, confortável, organizado e bem decorado, tive uma ótima impressão de lá. Sentamos à mesa e logo fomos nos servir. O buffet era completo e tinha os pratos que adoro.
Voltamos à mesa e à medida que comíamos, começamos a conversar. Divergíamos sobre assuntos aleatórios, enquanto ele demonstrava sua insatisfação, acredito que fosse sua vontade falar sobre a situação que ocorrera no carro. Assim, puxei assunto sobre a música que havia iniciado tudo. Ele dizia ter se assustado, com uma expressão enternecida, no que me expliquei dizendo que aquela música era muito bonita e que me emocionava fácil. Pausamos brevemente a conversa, até que ele, baixinho, com uma insegurança nítida em sua voz, fala exatamente assim:
- Tu não tava chorando até eu tocar em ti.
Tive a impressão de que ele se arrependera disso e fiquei impactada. Ele havia notado como ele fazia diferença para mim. Sorri acoada, tentando disfarçar o medo e lhe respondi um simples "é verdade". Tinha vontade de contar para ele, de gritar para todo mundo o que me faria bem, porém fiquei apenas com o queixo apoiado sobre as mãos entrelaçadas como uma cama suspensa por pés que eram meus cotovelos e fiquei em transe olhando nos seus olhos. Na cultura oriental, diz-se que os olhos são a janela da alma.
Acredito que ele entendera a mensagem. Voltamos muito mais soltos, enquanto ele me contava de algumas particularidades íntimas. Trabalhamos a tarde inteira numa rotina comum. Eu estava dispersa nos meus pensamentos, nas minhas vontades. Era fim do expediente e liguei o rádio. A música estava tocando novamente e tornei a ficar sentimental.
Estávamos todos de saída, a sala sempre é fechada no mesmo horário. Ele me acompanhou até a saída. Ele foi comigo até a parada de ônibus, todos se despediram e ficamos a sós. Timidamente segurou meus cabelos e me perguntou ao pé do ouvido se tinha algum programa para a próxima sexta após o serviço. Eu fiquei arrepiada e balbuciei que ainda não tinha qualquer plano. Ele, num tom sedutor, retrucou pedindo que eu não marcasse nada. Eu o olhei, desconstruída, aceitando seu convite implícito com uma piscadela.
Meu ônibus chegou, nos despedimos afetuosamente. Subi no ônibus, paguei minha passagem e sentei na janela. Notei que ele ainda me olhava, mas petrificada mirei apenas a frente do ônibus. O sinal abriu e logo estava em movimento. Olhei pra trás e vi seu olhar. Retribui com um um leve aceno com a cabeça. Estava novamente arrepiada, sem acreditar no que havia acontecido. Estava enebriada, sem saber o que estava por vir. Outro problema estava resolvido, mesmo que, repetidamente hoje, o resultado ainda não tivesse sido apreciado, desta vez isto não era incômodo, era reconfortante.
Obrigado, Coldplay.
domingo, 10 de abril de 2011
Quando fui minha
Mudando de ares, desta vez, um pequeno conto.
Quando fui minha
Acordara, distraída por uma música, de um sono profundo. A luz do sol espantava minha preguiça. Sentia-me nova, saciada e feliz. Levantei e olhei em volta, nada me parecia diferente, exceto eu. Mas por que minha cama está assim? Alguém esteve aqui que não fosse eu? As perguntas me embaralhavam a cabeça enquanto escutei barulhos vindos da cozinha. Minha atenção dispersa a música suave que tocava dentro de mim, porque agora estava focada nesta nova sensação.
Algo está acontecendo, o que fiz? De alguma forma, tudo mudou. Eu estou sozinha em mim mesma, mas há alguém junto comigo nesta casa. Junto minhas roupas do chão - eu nunca as jogo no chão - e me ajeito tranquilamente, afinal, não deve ser nada de perigoso. Aliás, o que fiz ontem? E só agora essa pergunta me aparecesse. Continuo calma, sempre confiei em mim, que nada de tão severo devo ter feito.
- Tá acordada? Da cozinha, surge a voz de um homem, num tom ligeiramente gentil.
Quem será este cara? Pergunto a mim mesma sem resposta. Era uma voz bastante agradável, é verdade. Era forte, clara e arranhada, assim como ele deveria ser. Quem será? Quem será? Fico sem resposta para mim e para ele. Talvez um minuto tenha se passado e eu sentada na beira da cama, com as roupas no colo e com uma ótima sensação de completude, fico a pensar em tantas qualidades para ele, ao mesmo tempo em que a janela aberta me chama a atenção para o lindo dia que se abre lá fora.
- Oi, linda, tá com fome? Pergunta ele com uma intimidade interessante.
Continuava sem respostas. Ele havia aparecido à porta do quarto, inclinado, só podia observar sua face. Seus traços retos, olhar fixo, lábios pálidos e uma expressão tão convidativa. Minha posição se desfez, e respondi, como se tivesse um reflexo retardado pela sua beleza, que sim, estava com fome. Ele abriu um sorriso e voltou à cozinha. Seus passos eram marcantes e ouvi cada um deles ecoar no corredor.
Quem era aquele lindo homem? Nem me importava mais o que estava fazendo em minha casa, só me importava quanto tempo ainda ficaria. Ele assoviava a música que há instantes me despertara. Não era apenas uma sensação na minha cabeça, vinha, feliz, da cozinha. Isto me deixava mais completa, não era mais um devaneio, não era um sonho, era real.
Vestida apenas com a roupa de baixo - lembro que ele já conhecia minha intimidade - me levanto e observo o dia. Tudo continuava lindo, a luz do sol me aquece e a árvore à frente ri ao sabor do vento. Passam se vários minutos e vou relembrando de cada momento do dia, e da noite, anterior. Engraçado como passam diversas cenas não importantes. Tudo tão corriqueiro que eu devia me sentir normal hoje, e era isso que me era estranho. Cessa a música e o som das folhas soa mais forte. Eu estava contente, feliz, aberta e viva.
A mão dele me toca nas costas, eu me viro rapidamente, surpresa por não ter notado a entrada dele no quarto. Foi como ele havia entrado em minha vida, tudo tão normal, tudo tão bom. Ele, então, sussura ao pé do ouvido: deita, o café está pronto. Esboçando um meigo sorriso, eu ligeiramente me sento, reclinada, apoiada por travesseiros, numa posição entre o deitado e o sentado.
Assim, ele, mecanicamente, eleva a bandeja que estava sobre a cômoda e me serve, ao colo, o café-da-manhã que havia preparado. Ele me servira uma xícara de café com leite e outra de café, duas torradas abertas pouco recheadas e duas frutas. Tive a impressão de que o café não era feito só pra mim, e logo após eu erguer a xícara de café com leite, ele completamente deitado de lado, apenas de cuecas, com a cabeça apoiada na mão fechada e cotovelo apoiado na cama, formando um triângulo harmonioso, destacando o volume do seu antebraço, ergue a taça de café. Enquanto eu estava levando a xícara à boca, parei quando ela tocou meus lábios. Ele estava com um sorriso tão atraente, tão lindo, tão charmoso, que uma pequena vontade me parou os movimentos e tomou conta de todos os meus pensamentos.
Brigando comigo mesma para não me entregar desta forma, desviei rapidamente o olhar daquela face, percorrendo todo o seu corpo - era como em antigas estátuas renascentistas em todas as suas verdades, definições e nuances - passando pelas minhas pernas - meu senso de sedução alertou fortemente que queria escondê-las, numa vontade de que fossem redescobertas e logo as tapo com o lençol habilidosamente com os pés - e passo a olhar o espelho que fica de fronte à cama. Que cena mágica! Eu o vi me devorar com seus olhos castanhos e o cabelo ainda desalinhado. Ele comia uma das torradas, enquanto eu peguei uma das frutas e olhei para ele. Mantivemos os olhos fixos um no outro, como que conversando o que nunca havia sido dito e que já sabíamos. A única coisa que intervia no nosso silêncio era ainda o barulho do vento nas árvores.
Enquanto eu saboreava a situação - restava em mim também o sabor da noite anterior - ele, num interesse claro, pergunta:
- Quantas vezes ainda vou poder ver seu lindo sorriso? Num lisonjeio que me deixou mole e derretida, fiquei entregue. Ele me fisgou e sua mão se moveu rapidamente largando a torrada, enquanto a outra destapava as pernas que eu recém havia coberto.
Terminamos o café-da-manhã tão depressa quanto no unimos novamente. A continuação foi de um carinho tão grande, de uma suavidade tão imponente, de uma gentileza tão determinada que eu berrei sons ininteligíveis para qualquer estranho a nós, que sabíamos o quanto um estava agradando ao outro.
Ele foi para o banheiro, ligando logo o chuveiro. Só então me dei conta de que já passava das dez horas da manhã. Por mais rápido que ele tenha se arrumado, foi grande o tempo para mim. Continuava sorvendo aquela situação, me deliciando com cada momento, com a certeza de me fazia muito bem gostar de mim, sabendo que assim podia gostar dos outros.
Ele saiu do banheiro pronto, de uma maneira impecável, com um porte alinhado e uma expressão de confiança. Talvez para que eu confiasse nele, entretanto uma segurança se traduzia nas suas palavras, às quais eu estava totalmente alheia, em negação por todo o tempo em que ele falava. Ele demonstrava confiar em si mesmo, como se tudo em volta fosse uma escolha sua. Então, entendi porque tudo estava diferente.
Sorrateiramente, deslizei e peguei a chave da porta. Ele me abraçou com uma intimidade, com tanto carinho, que eu transbordava e retribuía seu afeto. A compaixão que fluía entre nós dois era tão corrente que poderia quebrar um coração de pedra. Nos despedimos sabendo que algo de um no outro restara guardado.
Só agora lembro que ele dizia que queria ir embora, e percebo que ele estava certo em si, porque ele também havia escolhido aquilo tudo. Sentia me completa em mim mesma. Havia sido minha e só assim havia sido sua.
De que serve a arte se ninguém puder apreciá-la?
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Paixão em prosa
A verdade tem um fundo de maldade. Tudo o que se fala ou sente, parece ser sensivelmente explicado pela biologia. É mentira! Supor que apenas a química das células possa determinar a inteligência é uma besteira. Assim fosse, seríamos mero resultado de um acaso químico sem autodeterminação.
Agora, sinta estas palavras! Cada letra tem um significado, e as letras formando palavras, e as palavras te dizendo que tu estás aí, vivo, lendo isto! Supor que vitaminas, hormônios e ligações químicas possam explicar o a paixão, seria como viver a vida de uma pedra.
Agora, se a cada vez que teu coração pulsa mais forte, tuas idéias ficam bobas a ponto de teus amigos já rirem de ti, então é porque o coração está falando mais alto. Ah, se a beleza inexplicável dela fosse tão clara aos outros. E não é. Entendo casa passo desse abismo, sinto cada passo dessa caminhada de olhos fechado contra convenções sociais, contra outras pessoas, apenas para satisfazer o coração. Ah, a beleza da paixão é mais inebriante do que a beleza da eterna Helena.
Ah, se se contasse todo calafrio, se se perseguisse o ritmo do coração pulsando. A admiração até pode estar em tudo isto, mas o que importa é o súbito desejo de sentir-se bem, e por isso se sentir mal, e se sentir bem em ciclos aleatórios. Ah, a beleza da paixão.
Um pequeno recado para um amigo.
Agora, sinta estas palavras! Cada letra tem um significado, e as letras formando palavras, e as palavras te dizendo que tu estás aí, vivo, lendo isto! Supor que vitaminas, hormônios e ligações químicas possam explicar o a paixão, seria como viver a vida de uma pedra.
Agora, se a cada vez que teu coração pulsa mais forte, tuas idéias ficam bobas a ponto de teus amigos já rirem de ti, então é porque o coração está falando mais alto. Ah, se a beleza inexplicável dela fosse tão clara aos outros. E não é. Entendo casa passo desse abismo, sinto cada passo dessa caminhada de olhos fechado contra convenções sociais, contra outras pessoas, apenas para satisfazer o coração. Ah, a beleza da paixão é mais inebriante do que a beleza da eterna Helena.
Ah, se se contasse todo calafrio, se se perseguisse o ritmo do coração pulsando. A admiração até pode estar em tudo isto, mas o que importa é o súbito desejo de sentir-se bem, e por isso se sentir mal, e se sentir bem em ciclos aleatórios. Ah, a beleza da paixão.
Um pequeno recado para um amigo.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Desejo
Era uma estrela que brilhava mais forte no céu?
Ou um coração que pulsava mais forte na terra?
Certeza é que eu vi aquele olhar
Certeiro, foi parar no fundo da alma
E quando eu olhei novamente
Feliz, não eram olhares e sim beijos
O sol é que era altivo no céu
Com seu laranja e sua luz
Aquecendo o coração
E a coragem de quem seduz
Ah, é o raiar do sol que cria vida
e dá o valor do luar
A pedido.
Ou um coração que pulsava mais forte na terra?
Certeza é que eu vi aquele olhar
Certeiro, foi parar no fundo da alma
E quando eu olhei novamente
Feliz, não eram olhares e sim beijos
O sol é que era altivo no céu
Com seu laranja e sua luz
Aquecendo o coração
E a coragem de quem seduz
Ah, é o raiar do sol que cria vida
e dá o valor do luar
A pedido.
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