Mais um Silva me deu oi hoje na rua. Talvez tivesse comido. Não penso que dormiu, não parecia relaxado, era visível que ainda vivia o mesmo dia de ontem. O sinal fechou, meu olhar também. Prédios gigantes se amontoavam vazios, sumindo sem luz na noite escura. O morro se acendia como uma vela de oração.
Cabeças baixas não me percebiam enquanto dividíamos a mesma calçada. O vendedor na esquina me cumprimenta e me pergunta ser levarei o pão. Hoje não, não mesmo. Trabalho por honestidade, mas o salário não cai pela injusta falta dela. Mais de 500 anos pro Brasil descobrir Cabral e tudo o que nos levou.
Volto em Janeiro. O Rio não será o mesmo, conquanto eu também não o seja. Nas suas águas, abriu-se o mar vermelho e os escravos tentaram fugir quando já era tarde demais. Restou-lhes aguardar a terra prometida: uma cidade maravilhosa.
Será que o Maracanã durará mais do que o Coliseu? Nero sempre me deixa em dúvida. Um pedaço de mim aqui fica.
Uma pequena homenagem a Bob Rum.