domingo, 8 de janeiro de 2012

Línguas

Ainda que eu falasse a língua dos homens
Minhas palavras mudas
Seriam inúmeras
E o som machucaria

Ainda que eu falasse a língua dos anjos
Minhas palavras-músicas
Seriam númeras
E um canto soaria

Ainda que eu falasse a língua dos outros
Sem minha língua
Eu nada veria

Ainda que eu falasse a minha língua
Suas palavras lúcidas
Seriam loucas
E eu nada entenderia

Mesmo se eu falasse a minha língua
E cantasse com os homens
Visse os outros
E entendesse os anjos
Sem amor, eu apenas me machucaria

Aos diversos gênios que tem alimentado minhas vontades.

Um comentário:

Paulo P Nascentes disse...

Bela recriação de passagem em si mesma poética. Paradoxos mantidos, instiga novas reflexões. Belo texto.