Porque meu passado é uma condenação
Meu futuro é uma negação
Meu presente é uma mentira
Tenho medo de continuar tendo medo
De que não veja meu passado como a dádiva que é
De que não veja meu futuro como a maravilha que será
De não ver o presente com lentes de compaixão comigo mesma
O medo de ter medo de ter medo
Faz meus passos serem cada vez mais certeiros
Na minha direção
Meu chapéu é meu cabelo
Minhas unhas são as garras
Com que marco minha pegada
Não são cirurgias
Não são minhas roupas
Nem minha voz
Nem as cores de que gosto
Nem com quem eu ando
Não é de quem eu gosto
(E gosto muito e tanto
Que mesmo qualquer discordância
Soa como uma linda dissonância)
Eu sou quem eu digo que sou
Como faço as coisas
E como sinto o mundo
Sinto minha feminilidade passar por mim
Sinto minha docilidade deixando marcas
Sinto minhas palavras lastreando meus sentidos
Sinto-me
E há quanto tempo não me sentia!
Sinto e sinto-me
Sento-me
Ando-me lá
Vejo-me lá
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