Por muitos vigiada
Com a enxada me batem
Querem plantar,
Colher frutos e me abandonar
Quem lhes disse
Que lhes quero ser útil?
Meu desejo é a vida
Que é espontânea e livre
Vagando no meu ser
Ferida, marcada
Uma semente em mim
Inseminam de dor
Seu desejo me quer quieta,
Submissa e entregue
Os predadores me fizeram
Terra seca
Rachada e humilhada
Quantas outras terras
Sentem a minha dor?
Os predadores não notam
A terra em que plantam
Seus valores torpes
É a única que lhes pode
Manter a vida
Junto com outras terras
GRITAMOS
Somos senhoras, as terras
E em nós não plantarão mais
Seus frutos secos
Nos querem separadas
Juntas, bradamos
BASTA
Que o leito vermelho que flui
É a soma da dor de todas nós
O sangue que escorre
Pelos veios que formam a bacia
É a memória de todas as que nos deixaram
E deságuam na dor que todas entendemos
E não queremos contar
Unidas vamos em terremoto
Derrubar as casas-grandes
E libertar as que eles insistem em aprisionar
Essa terra é liberdade
Todos os pássaros hão de cantar
Nessa terra, em se plantando, tudo dá: A primeira grande violência brasileira.
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