A loucura é boa
A loucura enlouquece e se torna sã
A vida gira, isso é loucura
Milhares de fios entrelaçados sem sentido algum
Isso é loucura
A sociedade alternativa? Loucura
A lei? Mais ainda
Estou louca é viver
Viva enlouqueço os outros
As formas desfiguradas tomam conta das ruas
As linhas retas são uma ilusão
O clássico é um mito
Loucura de blusão no sol
Loucura pipocando
Loucura pela pela rua
A morte é o fim da loucura
O fim da loucura é morte
Loucura por dentro
Loucura por fora
Loucura em flautas
terça-feira, 8 de maio de 2018
Uma ode à loucura
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
Pop
Crianças correm em minha volta
O sol ofusca minha visão
O vento alisa meu rosto
É tarde, tudo fora de compasso
Anoitece, o ritmo cresce
Pede o balanço e o passito
Carinho e charme a me esquentar
O sabor é doce
O resultado é o ritmo
O ritmo é me soltar
Você me segura no ar
Meu coração pára
POP, sinto estourar
Boas festas.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Rio
Mais um Silva me deu oi hoje na rua. Talvez tivesse comido. Não penso que dormiu, não parecia relaxado, era visível que ainda vivia o mesmo dia de ontem. O sinal fechou, meu olhar também. Prédios gigantes se amontoavam vazios, sumindo sem luz na noite escura. O morro se acendia como uma vela de oração.
Cabeças baixas não me percebiam enquanto dividíamos a mesma calçada. O vendedor na esquina me cumprimenta e me pergunta ser levarei o pão. Hoje não, não mesmo. Trabalho por honestidade, mas o salário não cai pela injusta falta dela. Mais de 500 anos pro Brasil descobrir Cabral e tudo o que nos levou.
Volto em Janeiro. O Rio não será o mesmo, conquanto eu também não o seja. Nas suas águas, abriu-se o mar vermelho e os escravos tentaram fugir quando já era tarde demais. Restou-lhes aguardar a terra prometida: uma cidade maravilhosa.
Será que o Maracanã durará mais do que o Coliseu? Nero sempre me deixa em dúvida. Um pedaço de mim aqui fica.
Uma pequena homenagem a Bob Rum.
sábado, 25 de março de 2017
Essencialmente
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Campos de Morango
A consciência é o que define a nossa essência humana. É ir além do mundo ao redor ou do outro. É perceber a existência inexorável de ser. Não é possível não ser. Somos consciência, que está atrelada diretamente a um órgão, o cérebro.
Nossa existência está confinada ao nosso corpo. No entanto, a falência de diversos orgãos não caracteriza o fim humano. A falta de movimento nos membros, o descompasso dos rins, a cegueira, o coração descompassado. Tudo isso não impede a tua existência humana. O que impede é a falta de funcionamento do cérebro pra permitir uma consciência apurada.
Um cérebro que não esteja funcional impede a normalidade de nossa essência. Depressão, esquizofrenia, mania, ansiedade são doenças que produzem um sofrimento contínuo e de baixíssima intervenção.
A nossa existência efêmera sempre teve sentença de morte. Qual a diferença entre escolher a hora de morrer e morrer sem escolher? Nenhuma. Não existe nada depois da morte. Se todos estamos mortos, porque continuar esta batalha para continuar vivos?
terça-feira, 25 de outubro de 2016
Vem, vamos embora
Entre por esta porta agora
E diga que me adora
Você tem meia-hora
Pra mudar a minha vida"
Eu sinto a tua falta
A tua falta em mim
O teu carinho
O teu calor
Eu sinto a tua falta
A falta de tu entrar pela porta dos meus olhos
E dizer:
VAMOS EMBORA
A tua atitude, o teu carisma
O teu jeito de me cativar
De me escolher
É clichê
Mas eu sinto teu cheiro no travesseiro
E me abraço nele
Tu tinha um jeito especial de me fazer sentir viva
E eu te escolhi por isso
Eu quero te ver de novo
Eu quero aquela mágica me enebriando
Vamos recomeçar?
Não quero perder meu tempo
Muito menos o teu
Eu quero sair
Não quero mais ficar aqui
Ficar em mim é insuportável
Eu preciso da tua atenção
O pranto me deixa a cara formingando
Essa sensação horrível
De o coração sair pela boca
E a cabeça fica zunindo
As mãos batem com força no peito
Eu não me sinto em mim
A sensação de não estar aqui é muito forte
A respiração ofegante é a única coisa que me prende
No aqui e no agora
Eu me sinto
Falta me sentir viva
Fim.
Viva Adriana Calcanhoto.
domingo, 4 de setembro de 2016
Buffet livre
É um pedaço em fogo
É politica que arde
É grito e sufoco
É pouco
Nada vai acontecer
Nada
Talvez mudem as estações
O salário continua sumindo
O escravo sofrendo
Vários mundos em um só
Vem se desfazendo
Até virar pó
Impedimento é um prato que se come frio
E essa terra esfriou há bastante tempo
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Não me deixe só
Eu sou minha pior inimiga
Me dá frio na barriga
Ficar só à mesa
Eu caminho sozinha no escuro
Não é possível ver nada
Só sinto a mim, no vácuo
Vazia e com a respiração ofegante
Penso que me movo
Mas estou no mesmo lugar
Perdida, cansada
Me canso de vagar
Meu pedido é simples
Não me deixe só
Eu sou um pesadelo
Você me leva pra um lugar melhor
Não nos deixe só
O mundo será sempre pior
Sem a tua voz
Teu odor
Teu carinho
Nosso amor
A solidão existe
Na morte, no espaço
Na minha cabeça e no meu abraço
A solidão
E só
terça-feira, 3 de maio de 2016
Sem espaço
Um mundo pequeno, infinitamente pequeno, tomou conta de mim. Um ponto no espaço revela exatamente que eu não tenho espaço. O ponto se repete, se ilumina e se apaga todas as vezes que algum dos seres nascem e morrem. O ponto não é. E não somos nós, mais do que um ponto. Um ponto em movimento no espaço imenso, nos despedaçando em uma quantidade ínfima de tempo.
Sentir é uma ilusão. Nada pode completar algo tão pequeno. Nada pode ser onde nada pode estar. Hoje, um ponto, uma luz. Amanhã, sem ponto, sem luz.
E na imensidão do espaço-tempo, os pontos se unem e se separam numa dança de um tempo inobservável. Tantos pontos quanto se possa imaginar. A consciência acessa o ponto, o ponto deixa de ser objetivo e passa a ser subjetivo. No entanto, um ponto observado, é uma realidade dentre as muitas que ele pode ou não ser.
O ponto se esvai no caos da cidade, na babel da internet. O ponto que eu sou, o ponto sou eu. O ponto, na ponta. O ponto apontando. O ponto sem eu. O não-ponto.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Tecnologia
Pedras, lascas, varetas de fogo
As pessoas polidas sempre assassinas
Plantações, currais, aquedutos
Ferro, bronze e guerras bonitas
Sanguinários, os olhos vermelhos enchem os campos
De batalha, se fundem os corações e os leões
Da morte, vivem os moribundos e os anjos
Do forte, choram os pobres e os vilões
Os tiros, as bombas, o calor dos infernos
A fome, de perto, os urubus, de longe
Despedaçam minha consciência a cada clique
Para o sofrimento dos outros
Na guerra é a gente que cria,
Por necessidade, a tecnologia
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Plural ou nada
Tem gente que diz que a melhor defesa é um bom ataque. Tem gente que diz que o melhor ataque é uma boa defesa.
Dissolver o ego não é perder a própria identidade. Nossa existência num corpo, muitas existências num corpo. Até hoje só pudemos descobrir a existência a partir da noção de consciência. A consciência da existência nos faz perceber não apenas os outros, mas a nós.
Pequenos fragmentos de mim. Vários eus num mesmo corpo, sem controle um sobre o outro. Quando brigam entre si, nós choramos. Um pedaço cai, outro também. Até que não sobra nenhum e eu fico apática. Cheia de energia, inventiva, lógica, ambiciosa, pessimista, deprimida, suicida, dona do mundo.
O melhor de mim e o pior de mim, em mim. Perder o controle é tão fácil.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Meu amigo secreto
- Deixa estar. Disse ela, sem convicção.
A tragédia já estava pronta, não havia plano B. Era só esperar acontecer. Olhava pro mar procurando um último suspiro de vida. Um urubu procurava peixes mortos entre o lixo acumulado na margem da praia. Um vento triste sopra em seus ouvidos. A morte se anunciava nos jornais como um acontecimento da natureza, no entanto, ela sabia que não era assim.
Caipora estava ocupada tentando proteger outros seres na floresta. Os homens já não estavam por perto. Oxum chorava triste à margem do rio, sentia como se tivessem matado mais uma parte de si. Mais triste ficava por não ter sequer uma lágrima doce. Tentava avisar Iemanjá, mas já era tarde, só podia esperar acontecer. Não existe oferenda que resolva quando se ataca um orixá assim. De um lado ao outro do oceano, quem passa pelo bojador gera cada vez mais dor. Iara, por que não vem buscá-los? Xangô, anuncia tua justiça! Da tua pedreira construiram a destruição, a nós resta a rendição?
O mar azul hoje é um mar vermelho. Um rio morto! Pavimentado. Sem vida, sem ar, sem paz. A guerra foi declarada contra todos os seres. O karma vem e vai alimentado pelas ondas do samsara. A velhice e a doença atormentando a todos. Como é possível olhar para isto, se sentir responsável e não fazer nada?
Ela continuava imóvel assistindo a tudo com o coração parado. Olhos e ouvidos fechados, tentando não sentir o mundo. O mundo era ela mesma. O mundo que ela não fez, mas que dela fazia morte.
Cadáver sobre cadáver. Morrem todos, morre tudo, morre quem mereceu e quem não merecia. Morrem na guerra e na paz, com mais sofrimento na guerra. A morte não alivia.
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Pequeno
O pequeno
Piccolo momento
Niños y niñas
Un bâton
O chão gira
O pão cresce
A água desce
O fogo, pira
O vento mexe
Aqui dentro
Só, pequeno
Grande vai saindo
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Estou orgulhosa de mim
Estou calma. Estou em paz. No meu mundo interno, cessou a tormenta. Eu vejo o passado, vejo o presente. Não é sobre onde eu cheguei. É sobre quem eu me tornei. Eu me vejo em mim. Funcional, bonita, normal. Cheguei ao bojador. O sofrimento é um sentimento distante, inconstante, vazio.
Se sinto dor? Sim! Estou viva! Cada pedaço real de mim é um pedaço na minha consciência. Ter adequado a realidade não me trouxe a fórmula da felicidade. No entanto, me alinho comigo mesma. Não grito mais pela dor lancinante que emanava de um pedaço para todos os outros pedindo para desligar a vida. Nem mesmo a sinto. Me sinto bem, é como se após limpar a casa e trocar alguns móveis, minha casa voltasse a ser cômoda, confortável e sadia. Uma casa agradável não é a fórmula da felicidade, mas pode te permitir viver melhor e com menos preocupações.
Tenho orgulho de mim. Vim, vivi e venci. Anos para entender afinal o que acontecia comigo - e ainda restam outras coisas a entender - e poder ir atrás do que me faz bem. Eu me sinto bem por ter seguido o caminho, mesmo que me afligissem o medo, as distrações, as confusões, muitas vezes sozinha. Eu trilhei o caminho e construí a minha estrada. Tenho orgulho de ter caído tantas vezes, achando que ficaria no chão para sempre, e ter me levando, limpado as lágrimas e seguido em frente.
Eu sou quem eu sou. Sou quem eu fiz de mim. Agradeço a todos pelas contribuições e não me ressinto de todos que trouxeram obstáculos. Todos vocês são parte do caminho. E o que deixaram comigo é parte de mim.
domingo, 4 de outubro de 2015
I have a feeling
And there I was, looking to the traffic through the window. It's the same feeling always: emptiness. There is no meaning in anything. Like your life is always a heavy stone to others to carry that is a threat to other people's life. So, why should I continue? There is no reason to feel like this way forever. If you doesn't help, just don't mess up.
And there was the raining. And a bird, so many birds flying around. There is changing in everything. Our nature is impermanence. So is mine. Then, I felt complete. Complete, cause nothing can complete me, and I was full of nothing.
And there was traffic jam, people overreacting about losing a time they would only turn off. They cannot feel what is inside them and became angry. They cannot even fell themselves, how could they fell the others? Some says that our culture is selfish. I don't have the same view. Cause people do not fell their selfes! They don't control their emotions, fellings, thoughts, speeches and actions. There is nothing selfish in consumism, it's just a way to fill up our emptyness.
Look for what differs you from anothers? Nothing. You are the same. We are the same. We are all looking for happiness and avoiding suffering. Why to continue suffering? Life is only a thing that our minds can know by our brain. Our highly evolutioned brain. It only exists in our body, in our perception of the world.
So here I am, rocking myself up to the mountain, like Sisifo. Every day is another to keep pushing myself up from the down of the mountain. God, I wish I could change the mountain! God, I wish I could change me! Me and the mountain are the same, and so are you.
Can you feel it? I do.
"I only know that I know nothing, and this make aware to look for wisdom and knowledge." (Adapted from Socrates speech attributed by Plato).
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Quem é você?
Quem é o trabalhador? Quem é você?
Quem é do povo negro? Quem é você?
Quem manda no Estado? Quem manda em você?
Quem casa legalmente? Quem pode expressar afeto por você?
Quem existe pra este mundo? Onde está você?
Nos defendemos tanto sem saber
Quem de fato pode nos atacar
Na selva de pedra, todo dia é uma batalha
Só a morte é o fim da guerra
Quem sofre por seu gênero? Quem faz você sofrer?
Quem não pode acessar a sociedade por conta de sua deficiência? O que faz você?
Quem é internado por tentativa de suicídio? Quem cuida de você?
Quem é você? Será que sabe ler? Conhece algum analfabeto funcional?
Nos defendemos tanto sem saber
Quem de fato pode nos atacar
Na selva de pedra, todo dia é uma batalha
Só a morte é o fim da guerra
Vergonha, auto-humilhação, auto-mutilação
Definhando por não comer ao ver um corpo dismófico? Quem é você?
Falsa humildade, vaidade, brinca com as necessidades alheias
Quem é você? Você atravessaria o mundo pra alterar o que a natureza fez de você?
Nos atacamos tanto sem saber
Por que é necessário matar?
Homem-primata, destruição tecnológica
Mata árvore, mata boi, mata Atlântica
Mata o outro sem nem olhar pro lado
O próximo é você?
Pelo bolso, mata povos inteiros
Só falta querer fazer o mesmo no céu
Quem compra sua comida? Quem a planta pra você?
Bebida suja na natureza limpa, melhor açúcar e sal com gás
Você tem sede de quê? Você bebe o sangue de quem?
Quem se diverte por termos diferenças?
Qual a arte de rir de quem está marginalizado?
Nos defendemos tanto sem saber que já sabemos...
Legião e Titãs
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Matemática
Todos somos produtos
A ordem dos produtos não altera o resultado
A soma de todos é 1
Não cabe diminuir, menosprezar
Toda vida é sagrada
Dividir para conquistar?
Unir para completar!
O mundo natural, amoral
Nos mostra apenas o que é real
O racional que nos guia aos imaginários
Mostra como somos complexos
E como por eles nos tornamos irracionais por inteiro
O ábaco dos anos não é programado
Tal qual um relógio de areia
A teia do tempo se curva no espaço
E tudo o que sabemos se torna irrelevante
Vazio como um instante fora do universo
O tempo é o mais sagrado deus humano
Operando a vida, o médico entra em ação
Suas mãos robóticas e o ambiente esterilizado
O fôlego paralisando, escuridão...
Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma
Um papel e uma cirurgia me renovam
A morte e a vida em uma superposição de estados
A incompreensão dos outros é tão forte
Quanto a metáfora do gato quântico
Sigo sendo eu mesma integralmente
Infinitesimal nesse mundo contínuo
Me encontrar pelo caminho
Sem atalhos, sem derivar por outros caminhos
Sei que vou encontrar resistências
Vou ser induzida a comportamentos negativos
Mas sei também que sou capaz de poder ajudar todos os seres
A se sentirem e a serem mais positivos
A ciência e a arte me emocionam
Ondas que reverberam por todas as selvas
Me enchem os ouvidos de felicidade
O canto que vem das pedras
Ou da existência pacífica dos outros ambientes
A luz que me ilumina, faça lua ou faça sol
Os gostos e cheiros que se espalham dentro do meu corpo
Em cada fase da vida
Mexem com frequência no meu coração
Força, vai dar tudo certo
Basta um impulso para acelerar
Depois disso basta ser constante
O que está em movimento continuará no movimento
Internamente, gira a bússola
É hora de me mudar
A equação da vida
É um eterno caminhar
terça-feira, 14 de julho de 2015
Oito meses
Os dias passam devagar
As paredes e o teto me confundem mudando de cor
Cada tom varia durante o dia
O sol e as lâmpadas compõem uma música lenta e melancólica
De repente, não há portas ou janelas
O mundo gira dentro da minha cabeça e não há escapatória
Como numa máquina de lavar
Meus pensamentos ficam imersos, são sacodidos, e se debatem dentro de mim
A vontade de desligar da tomada é enorme, mas tenho uma conexão mais forte
Mesmo que a vida não tenha nenhum sentido, mesmo que tudo o que a gente faça fique num passado esquecido
A sepultura ainda não é lugar pra mim
Não é lugar pro meu amor ou pra minha compaixão
Um amor correspondido é como a mesma vida em duas pessoas
Meu amor e minha vida, agora no mesmo lugar
Oito meses, oito anos, oito séculos
Vai ser eterno enquanto carregarem nossa existência
Mas que existam tantos outros amores por aí para nos diluir e um dia deixar nossos laços em paz
A completude existe na vacuidade de não sermos dois
A vida, nem cansada, nem repetida, vai nos carregando pra novos destinos
O tempo vai passando
Não sei mais onde estão as paredes e a chuva me molha friamente
O vento e o temporal compõem um lindo quadro na minha janela
A porta se abre
Ele chegou
domingo, 5 de julho de 2015
Sinto
Sinto meus pés a cada passo
Sinto meu coração acelerado
Sinto uma música no meu viver
Vivo a sensação de assim me ser
Danço como gira o mundo
Me abro como as asas de um pássaro
Pinto de rosa minha felicidade
Saia é a minha intimidade
Recomeço tudo e vago
Com os pés no chão do amor
E a mente num estado libertador
Sou nova e sempre a mesma
Sou amada, porque me quero bem
Sou eu, nunca me senti tão eu antes
Obs.: Sentire significa tanto sentir quanto escutar em italiano.
sexta-feira, 19 de junho de 2015
Libertador
Libertador é a faca na mão certa
Libertador é me livrar de um apêndice maldito
Libertador é poder viver meu corpo conforme minha cabeça
Libertador, ser quem eu sempre fui
Como pude me enganar por tanto tempo?
Como pude negar meus sentimentos mais íntimos?
Negando a mim mesma, cheguei perto da morte
Negar quem se é, é morrer cada dia
Libertador, viver do lado do meu amor
Poder beijar, abraçar, amar
Viver a vida com todo meu ardor
Em breve,
Quando tudo isso acontecer,
Estarei liberta da dor
domingo, 24 de maio de 2015
Não pertenço
Eu não pertenço. Eu vim até aqui pra desistir agora. Não pertenço a aqui, nem ao meu corpo. Não pertenço a este tempo. Eu não pertenço a este sofrimento. Nem a estes conceitos.
Não, eu não vim até aqui pra desistir agora. Eu ainda tenho um amor que me deixa viva. É um amor por mim, que me faz temer toda vez em que penso na minha morte. Eu sou idiota o suficiente pra acabar comigo. Mas não fiz isso porque ainda me amo. E tenho a pessoa mais querida e fofa do mundo pra me lembrar disto. Que além de mim, tem mais pessoas que querem o meu bem. Que ele me ama muito e é capaz de passar por grandes provações e ainda assim me amar. Que tenho amigos lindos que me amam e que eu amo também. É pra me lembrar que depois de eu sentir tanta mágoa e abandono, meus antigos amigos ainda lembram de mim. Que gostam de mim, mesmo que o convívio tenha acabado. Isso é muito gratificante.
Sim, eu tenho um irmão maravilhoso que ainda me ama. É meio esquecido e tá sempre na correria (:p) mas tá guardado no meu coração. Que eu tenho pais que me amam muito mas que ainda carregam um certo orgulho e valores que nos afastam. É, eu amo eles e sinto muita falta, mas não posso mais dizer isto pra eles. Espero que um dia a gente possa se reencontrar.
Afinal, está é uma longa jornada até my self. E tem tanta lembrança boa no caminho. Tantos momentos bons. E o apego traz tanta dor. Aos poucos e periodicamente, eu me lembro de que tem horas em que é necessário deixar as coisas pra trás. Maria Gadú canta: "o apego não quer ir embora, diacho, ele tem de querer". Mas sabe, quem tem de deixar o apego ir embora é a gente.
Tantas experiências, conheci tantas pessoas fantásticas. Vivi uma vida que poucas pessoas tem orgulho de poder contar. Eu cheguei lá. Eu vi tudo isso. Eu vivi tudo isso. Não há nada que pague isso. Se me perguntassem se eu gostaria de voltar no tempo, eu certamente diria não. Não me arrependo do que fiz. Queria evitar o que alguns fizeram comigo, mas isso me tornaria menos eu.
Chega uma hora na vida em que se tem de admitir que se errou. Afinal, a natureza humana é a prática do erro. Você pode acertar muitas vezes. Quem você é é o que e porque você errou. Afinal, pode-se errar muitas vezes. Mas você deve saber a hora de não insistir mais no erro. Faça isso. Saiba quando é hora de abandonar velhos conceitos, velhos laços, velhos materiais. E isso não é uma ode ao novo. Afinal, nada disso é novo. Mas se você quer de fato melhorar e encontrar um caminho melhor, não insista nos seus erros e se desfaça das coisas que te prendem a eles.
Sinto que talvez seja a hora de partir. Foi uma experiência fantástica. Uma das mais fortes jornadas de autoconhecimento. Me conhecer é parte importante do processo, sempre foi. Aceitar meus gostos e minhas vontades. Aceitar meus impedimentos e minhas dificuldades. Saber perceber os momentos de falha e melhorar. Buscar ajuda não é vergonha. Ou você existe sozinhe no mundo?
Hoje, eu fui confundida com o meu estereótipo. Sem personalidade, apenas identidade. Eu cansei de identidade. Eu nunca me senti como os outros. Eu nunca fui parte dos outros. Eu conhecia alguns dos meus gostos e fui me juntando às pessoas. E quanto mais conhecia essas pessoas, mais conhecia meus gostos. Cada pedaço de mim foi um caminho percorrido. É eu já corri meio mundo. Um ponto importante é não se negar às oportunidades. Viva e busque vida.
Claro, faça as coisas com destreza e não se permita ficar muito vulnerável. Conheça seus pontos fortes e suas fraquezas. Não deixe um rótulo dizer quem você é. Não deixe a sua identidade negar a sua personalidade. Estude. Realmente se dedique a isso, por mais penoso que seja. E nunca se esqueça: questione. O único limite pra perguntas é o seu raciocínio. Use o seu raciocínio. Não acredite nas coisas porque alguém te disse que era assim. Veja por si mesme. Se jogue nos mares da vida, mesmo quando parecer um precipício. É normalmente profundo o suficiente pra você não se arrebentar. Mas também saiba pular. Não jogue todas as suas forças contra a correnteza. Construa espaços e não tenha medo de entrar e sair dos lugares. Meus pais me ensinaram: Mantenha o respeito e a educação e tu vai poder conversar com o presidente. O mesmo vale para aquela pessoa que te abordar na rua. Se a violência toma conta dos outros, não deixe que ela tome conta de si.
Algumas pessoas podem achar que eu mudei. Mas sabe, tenho amigos de desde meus doze anos(vocês sabem quem são, vocês me conhecem a mais de metade da minha vida) que já me disseram que eu sou a mesma pessoa. O que eu posso concluir é que meus gostos e até mesmo minha identidade não controlam minha personalidade. E todas estas jornadas foram me mostrando quem eu sou. Porque eu continuei a mesma, apesar de diferente.
Gatos podem ter sete vidas, mas podem viver a mesma vida várias vezes? As dificuldades mudam. O mundo muda. Você muda? Você sabe quem é? Você conhece suas emoções intimamente?
Afinal, a dor que se carrega é a mesma delícia de ser quem se é. E eu sou. Eu sou eu mesma. Eu sou um marco neste mundo. MEU mundo. Venho cada vez mais me permitindo sentir e abraçar meu eu. E sentir dor toda hora que meu eu sente dor. E me sentir alegre quando meu eu se sente alegre. Não pense que eu sou diferente do meu eu. A melhor símile é com a santíssima Trindade. O mesmo ente é ao mesmo tempo três. Eu sou eu, meu eu, meu centro e minhas periferias. Cada reação que eu sinto é eu. Eu, em cada pedaço do que faço, mais eu em cada pedaço do que sinto vontade. Eu em cada amigo e eu em cada rancor que se mantém em mim e tento dissipar. É provável que eu seja o eu certo agora, mas na hora e no lugar errados.
É hora de começar a construir outra partida para na hora certa poder zarpar. O próximo porto? Onde estiver meu coração, lá estarei. Saber onde estou eu é pedaço de poder construir um eu com uma pessoa maravilhosa, que possui um eu incrível. Dois corações juntos sentem melhor do que um.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
DisSolução
Meu corpo, um simulacro. Uma vontade vazia perdida no espaço-tempo. Sou apenas uma imaginação sem vida real. É quase como ser o contrário de um robô. Um robô tem vida e interage com o mundo e as pessoas, mas não tem essência. Eu sou um fantasma, possuo essência mas não existo em lugar algum.
Imagine gastar o dinheiro de uma casa pra poder viver na sua principal casa, o seu corpo? E ainda ser considerada uma mentira, uma farsa. É quase como um ser um andróide moderno, regulado por compostos artificiais. Com essa experiência, tive de deixar de dar valor ao natural. E assim, o mundo vai se tornando artificial, as sensações vão se tornando artificiais. A busca mais antiga da filosofia, a descoberta do "eu", que é fundamento essencial para entender o que é a consciência me martela dia-a-dia. Afinal, eu simplesmente deixei de viver num mundo de verdades.
O ceticismo tomou conta de mim. Nada é verdade se não apresentar elementos de correlação, se não apresente os elementos de causação. Nada é verdade se não tiver prova, nem se não houverem experiências que podem ser verificadas. É quase um negacionismo Descartiano, sem "penso, logo existo". Existir depende de diversas condições. Primeiro, é necessário ter um corpo físico. Depois é necessário que esse corpo permita tu te comunicares com outros seres. Ainda, é necessário que os outros seres reconheçam o que é a tua existência.
E quando o ceticismo nega tudo, até mesmo a tua própria existência? O que sentir? Como sentir? A única coisa que não há é a negação da negação. É possível algo que não existe poder tomar uma ação como negar? Nego, logo existo? Não.
Bem, de fato, meu corpo não existe. Não reflete o mínimo do que eu significo. Assim, não estou cada dia mais perto da morte, mas da expiação. E isso não me alegra. Apenas pessoas vivas e que existem podem sentir alegria. E eu não vivo nem existo.
Esperança? Pff. Mentiras podem ser confortáveis, mas nunca trarão algo real. Sou uma mentira no mundo das verdades. Me dissolvo no mundo até não significar mais nada. Sou nada e nada existe. A solução é não haver solução. Nada é solução. Nem a busca pela vida, nem a morte definitiva.
domingo, 26 de abril de 2015
Dê uma chance à paz
Perceba em seu coração como a natureza humana te permite pensar em todos os outros seres carinhosamente. O acaso te colocou neste corpo, mas o que te difer dos seres em outros corpos? Esses outros seres também seguem o caminho do samsara: nascimento, envelhecimento, doença e morte. Todos os seres vão passar por momentos de sofrimento, porque aumentar isto? O quão possível é para você ter compaixão por estes seres? As diferenças são meras ilusões. Se humanos possuem tons de pele diferentes ou desenvolvem genitais diferentes ou possuem uma incapacidade física ou mental de desenvolver certas ações ou se tivessem mais ou menos posses ou estivessem em maiores ou nulas posições de poder, o que as torna melhores ou piores? Por que segregar as pessoas, xingar-lhes ou agredi-las? Pense, o acaso poderia ter te botado na posição desta pessoa nesta vida.
Hoje, torne sua fala menos agressiva. Tome atitudes que não machuquem as pessoas. Pense constantemente em como coisas positivas podem ser feitas para si e para as pessoas. Pense em como a raiva só te gera sofrimento e dor.
Esqueça o desejo. Esqueça tudo o que você quer. As coisas são mera ilusão. Você sabe o que é importante para viver. Não se apegue. Tudo neste mundo é absolutamente impermanente. Seu prato de comida, suas roupas, seu corpo. Tudo vai tomar outra forma e outro sentido neste mundo. Mas se tudo é impermanente, por que não agir inconsequentemente? Ora, todas as ações tem suas consequências. Se o sofrimento é impermanente, por que se preocupar com o sofrimento dos outros seres?
Afinal, qual ser gosta do sofrimento? É comum tomarmos o sofrimento como uma punição, uma resposta a algo que fizemos em outras épocas. Mas o sofrimento é mera manifestação obrigatória da vida. Hoje, você é agente ativo e tem pleno poder de inflingir sofrimento ou compaixão aos seres.
Hoje, dê uma chance a paz. Acalme seu coração. Seja capaz de perceber o quanto vida é preciosa e como todos os momentos são importantes. Verifique cada passo seu. Veja se ele foi em direção a compaixão. Faça o possível para pacificamente impedir que a dualidade te distancie dos outros seres. Ao mesmo tempo, não esqueça que esta oportunidade incrível de ter habilidades de discernimento e de poder de decisão e ação humanas te garantem um potencial imenso de perceber as características dos seres. Uns seres serão capazes de enormes façanhas, como correr longas distâncias ou descrever abstratamente o funcionamento das leis da natureza. Ame-os. Outros seres serão incapazes de perceber tais feitos, outros também não estão aptos a atingir tais feitos. Ame-os. Alguns seres estarão tão distantes neste mundo que você nunca os conhecerá. Ame-os. Outros seres viverão de causar sofrimento e morte. Ame-os. Ame a si, procure impedir que o sofrimento te domine. Ame aos outros, impeça o nascimento do sofrimento.
Pense em quantas condições foram necessárias para você ter a oportunidade única de poder fazer seres felizes. Da existência dos sistema solar, à camada de ozônio, bilhões de anos de evolução. Seja sujeito de si, seja sujeito de direitos. O trabalho de quantas vidas se fortificou e permitiu que você chegasse nessa geração vivo, com acesso à medicina, às benesses do trabalho das forças inorgânicas da natureza, à capacidade de comunicação e de ajuda mútua.
É difícil com toda a ética da vida moderna ocidental não se individualizar. Somos meros instrumentos de consumo, somos meros instrumentos de produção. Um ciclo vazio de sentido nos amarga a cada nova compra supérflua. O café que você toma pode vir de plantações em que o trabalho humano é subjulgado e as pessoas não conseguem mínimas condições de sobreviver. Ame-as. Procure formas de impedir que este ciclo continue. A roupa que você usa, o celular para se comunicar, vem de onde? O funcionamento da divisão internacional do trabalho se baseia em resquícios colonialistas e imperialistas. O sistema vende sofrimento. Procure formas de impedir este processo.
A divisão de países, as classes sociais, as distinções de gênero, as disputas étnicas, a criação de um sistema que não permite o acesso à sociedade de pessoas com alguma dificuldade ou impedimento motor ou de adaptação mental. A fixação de padrões de beleza, a pressão por um corpo ideal. Cárceres psiquiátricos, cárceres prisionais. Bairros para pessoas com propriedades, bairros para pessoas sem propriedades. Trabalho para pessoas com propriedade, trabalho para pessoas sem propriedade. As fronteiras são meras imaginações para separar as pessoas. As propriedades são meras imaginações para separar as pessoas.
Então, hoje, dê uma chance à paz. Esqueça as divisões, esqueça as dualidades. Não esqueça que devemos lidar com a realidade das diferenças. Não esqueça de lidar carinhosamente com os outros seres. Evite a morte e o sofrimento aos outros seres assim como evita a morte o sofrimento a si mesmo.
Hoje, dê uma chance à paz!
sexta-feira, 10 de abril de 2015
Escreva-me
Quando o dia parecer cinza
E o sol não brilhar na janela do teu quarto
Ainda, escreva-me
E se não tiver nada a dizer, ainda assim, escreva-me
Eu posso entender perfeitamente este vazio que te acompanha
Eu posso entender essa solidão, pedaço do mundo
Que se faz tão presente nas nossas vidas
Escreva-me, quando o coração estiver batendo forte
E a saudade não te deixar pensar em mais nada
Escreva-me, porque os nossos braços podem estar distantes
Mas os nossos corações estão tão próximos
Escreve em mim as páginas da nossa vida
E eu escrevo em ti todo o amor que eu sei dar
Pra pessoa com o coração mais lindo que tive a honra de conhecer. Estar contigo é um presente que os caminhos da vida me deram. Fer, eu te amo muito.
quinta-feira, 26 de março de 2015
Não há caminho
Não existe passado
Uma adolescência que não existiu
De infância a adulta
Sem caminhar pelo caminho
Eu não poderia ter sido eu
Nem nunca conseguiria ter vivido
Sem diversão, sem festas, sem mim
Amigos distantes, laços vazios
É irreversível
É ter um buraco na própria vida
E não há o que fazer pra tapar este buraco
Escuro, úmido, nojento
Trabalho, estudo
Distrações, um dia vida melhora
E a essência e a liberdade somem
Vou me tornando cada vez mais minha obra
E não sei mais o que significa esta viva
A morte é o reflexo da vida
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
Ilusão
Os desejos me tomam, me transpassam
Não quero acordar, não quero dormir
Não quero viver essa vida
Os remédios me entorpecem
Minha cabeça caótica
Fazendo minha seriedade se diluir
No mar de irresponsabilidades
Erro, erro, erro
Não há um acerto dentro de mim
Não faço o mínimo para trabalhar
Não tenho energia nem vontade
Me destruo e destruo tudo o que construi
O ano novo chega
E eu não quero mais fazer o que faço
Eu não faço mais o que devo fazer
Mais um dia perdido na minha vida
Sem trabalhar, sem estudar
Sem nada, sem sentido
Eu sou a própria ilusão de mim
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Deserto
O camelo em passos lentos
O vento soprando no ouvido
A direção do novo caminho
Frustração! Só há dunas
Não há ombro amigo, nem colo de mãe
Não há água para chorar
É só dormir e deitar
Face a face com o calor escaldante do deserto
Não há nenhum local para chegar
Nenhum sonho para completar
Face a face com minha'lma
Não trabalho, não como, não vivo
Destruo minha vida em cada pegada vazia
domingo, 17 de agosto de 2014
Rosa
Enquanto Rosa se aquece pra dançar
Gira noite, gira a rosa do povo na rua
Gira em cima do salto, e balança a saia rosa, vamos bailar!
Piso lentamente no caminho
Todo passo é um lento passo rosa
Em cada sonho, um abraço rosa apertado,
Um ombro amigo pra me apoiar
Meu sangue é rosa
domingo, 6 de julho de 2014
Hoje eu não quero ficar sozinha
Quero aquele afago sincero e aquele amasso gostoso
Enquanto me vem o toque de queda em teus braços
Deixo teus lábios nos meus
E te permito me explorar
Te sentir, me amar
Deixa estar, que o mar chegando na areia
É tão constante quanto teu carinho entre minhas pernas
Chuva das nuvens aumenta a agitação das águas
Hoje eu não quero ficar sozinha
Não quero voltar a dormir sem ti
Nem a ficar mais um dia sem um pedaço de mim
Sete anos de blog!