Olhando o futuro
Parecem estátuas teus olhos
Vidrados no movimento
Da esquina simples a Vida
Eu num canto desesperado
Desafino e desagrado
A festa dos deuses a sina
Eu não escolho meu passado
Eu, que em nada creio por descaso
Oprimo a solidão que me convém
Isolado, confinado
Padece teu coração sem de mim saber
E por que finges no quarto
Que na vida não há mais querer?
Sou monstro dotado
De destreza e natureza
Finjo, crio e esmago
A crença do deus Viver
Vem ver teus olhos agora
Me dizendo coisas
Que só deus pode traduzir
Colados na imagem da festa
E eu num canto amargo
Pareço fingir
Que estou Só e te conheço
Surdo de amor adormeço
Sabendo que estás por vir.
Preciso sonhar, para que a realidade não destrua em mim a alegria de viver.
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