quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Tudo é diferente no presente

 

Olho pro passado e vejo tanta dor e aprendizado. Hoje sinto tanta potência com capacidade de existência. Desde o nascimento, marca de início da vida, vou chegando a trinta voltas ao sol. Nosso ritmo é natural, num tempo fixo para nossas capacidades de percepção.

 

Tanto acumulei em mim, em vários campos do conhecimento. Se penso e existo, tenho tantas existências. E vou as aproximando cada vez mais no mesmo ser. Não precisam ser a mesma coisa, mas talvez ser na mesma pessoa, das diversas personas que me compõe. Como ser multidisciplinar nesse mundo cheio de caixinhas?

 

Posso ser radicalmente progressista, mas sem o senso de destruição? A desconstrução só serve para construções novas que devem ser destruídas novamente após isso. A arte descreve toda essa imaterialidade que a língua não consegue expressar. Preciso de origem pra saber quem eu sou, ou sou conforme me fizeram e me fiz?

 

Apesar de tudo, amo como a despretensão é capaz de gestar coisas tão complexas que podem de fato aperceber o futuro. A vontade é o valor que carrega meus sentidos e conflita com a razão frequentemente. E sou este espaço onde todas as forças disputam um lugar para viver.

 

Vivo. ¡Viva! E o passado é algo que não me cabe mais, em que não sou mais, já fui. Estou aqui precisando de roupas novas, de idéias para frente, de sentidos construtores de um novo futuro. O velho futuro fica no passado. O futuro do pretérito é algo que não me cabe mais.

 

Vou ser mais, onde posso ser mais, onde quero ser mais. E só eu posso me parar. Dos 30 aos 40, em 10 anos. O futuro é onde posso estar.


Obrigada, Belchior. "O passado é uma roupa que não nos serve mais"

"Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"

O álcool que permite que as idéias desconexas sejam um mesmo espaço compõe este poema e essas reflexões.

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