Nós enxergamos o mundo com nossos próprios olhos. A luz vem do exterior, regulada pela íris, transformada em impulso elétrico pelos bastonetes e cones. E então, processada pelo cérebro no tálamo, e no córtex visual difundida, identificando as características objetivas do ambiente, dos objetos, dos movimentos. Após, é difundida ao cérebro, que passa abstrair a realidade e identificar e conectar conceitos.
A íris regula o que podemos perceber do mundo naturalmente. E o que podemos depreender do mundo depende de suas ações e reações. Veja, o mundo é uma percepção objetiva, avaliada pela nossa subjetividade, que nos permite uma grande complexidade de reações objetivas e subjetivas.
Construir o mundo, desconstruí-lo, destruí-lo. Começar, terminar, recomeçar. Conforme percebemos, interpretamos e agimos. Isto não é mecânico, pelo menos em parte. O movimento da realidade, ao abstrato e de volta ao concreto. Coletivamente e individualmente. Construímos a partir do que os outros fizeram da gente. Este inferno que podem ser os outros, caso existisse inferno.
Do romantismo, um abstrato idealista. No entanto, o mundo não se curva aos nossos caprichos. Do realismo, o poder e seu processo amoral de obtenção. O poder pode ser um fim em si mesmo, conforme nossa ignorância. De nada serve o poder, seja o de controlar pessoas, sejam os pedaços de metais e de papel universalmente aceitos, se não forem transformados na vontade, conforme sua habilidade. É preciso perceber o mundo conforme ele existe, com a precisão de um artesão experiente. E como um artesão, transformá-lo em parte, em utilidade qualitativa e quantitativa. Nossas necessidades podem parecer infinitas, como se o tempo para um humano fosse infinito.
A íris, que controla o que percebemos do mundo, e as conexões de tantos gânglios que transformam isto em abstrato. Ao controle das mãos que movimentam o mundo. Nada é fixo, nada se repete. Em pequenas iterações, com seus muitos "ses", criamos funções e objetos, que podem fazer o trabalho por nós. A vida é um constante oxidar, que nos envelhece lentamente. Em processos pré-determinados, em códigos finitos, em parte já decorados, ao aparente infinito que se aparenta na entropia humana.
O que demanda nossa atenção, nossa força, nossa energia, nos cria, nos guia, nos molda. Somos quem podemos ser, sonhos que podemos inventar. Aparentemente aleatórios, desejos incontroláveis, raivas descabidas. De cada pessoa levo um pedaço que me compõe em notas conflitantes, em um ritmo que nem sempre posso controlar. E nessa música da vida, danço cada vez mais livre. Quem sabe um dia, possa eu ensinar a voar. Com a beleza e a elegância dos movimentos certeiros e harmônicos, ressonar meu canto por todos os lugares para apenas sentir a reflexão que cada ume irá reverberar.
Do mundo natural, meço. Cálculo, concluo. É um desafio inserir a percepção qualitativa, que se descreve apenas em variáveis fictícias, positivas ou nulas. Nada lhes nega, nada lhes completa. Nossa abstração lógica ainda não é párea para a realidade que nos cerca. Mesmo a mais poderosa capacidade computacional é inútil se não lha damos modelos.
Nossa sensibilidade ao mundo tangível é o limite que nos faz sentir. A sensibilidade que aflora as emoções e enebriamos com entretenimentos sem fim. Sentir é a mais completa forma de receber o que nos é apresentado. Emociona-se é a abstração mais linda que podemos exercer. A íris sente, e por isso é tão especial. E ao sentir, nos faz ainda mais únicos, com nossas percepções únicas.
Aos signos, o essencial. Do mundo quero a arte, o amor, as sensações que só um cheiroso bolo no forno pode oferecer. Em troca, lhe ofereço potência, melhorias, estrutura. O que eu quero é mais do que liberdade. É dignidade, companheirismo, reciprocidade. Coisas que começam na íris até minha capacidade de conceber.
A exuberante capacidade de ser.
"Duas pessoas vem em direções opostas por uma mesma estrada carregando um pão. Se ao se cruzarem, trocarem os pães, cada uma irá embora com um pão. Se ao se cruzarem, trocarem uma idéia, cada uma irá embora com duas ideias."