domingo, 4 de novembro de 2007

Postuleta

Criaturas. Como pode Deus tê-las feito? Queria o pecado dos cabelos sujos e da genitália impura? Será Deus mal a ponto de rejeitar ao mundo todo o futuro?

Queria orar, mas Deus não há mais. Todas as vilanias d'alma são agora parte do meu sangue, e fico enfermo de tal droga alucinógena. Podem tirar essas idéias da cabeça, teus atabaques, teus crucifixos. Teus livros não passam de páginas borradas, tantos pretos e brancos que nem o próprio Deus deixaria conceber tamanha insânia.

Se minhas palavras não são claras, sente-as apenas e vêes que não podes mais desmenti-las. Se deuses são os homenes não quero mais adorar ninguém a não ser a carne lânguida de desejo de minha amada.

Creio agora apenas no peito da que me ama. Amo e sou feliz, não é preciso de deuses quando se está no paraíso.

Estou vivo sobre a égide destes tempos de devaneios e desilusões, então me abraça forte e diz que o mundo não está girando de verdade, que é apenas loucura. Vivo intesamente o puro amor carnal dos teus olhos e procuro fugir deste fogo que consome minha'lma. Quero apenas lábios lânguidos, mesmo que o prazer não faça parte do ato. Sensual é só e somente a mente. Cria inverdades e deixa o mundo irreal, faz futuros irrisórios e destrói sonhos que ela própria construiu.

Sirvo de morada pro canto de morte que estes pássaros reais me trazem. Pareço imundo, inundo a terra com minha vagabundagem, faço do certo errado e vejo tudo pegar fogo, que será? Será nada, vim do nada e pro nada volto. Faço e desfaço minhas palavras como tormenta que vem em ondas e faz náufrago o grande velejador. Vê agora um raio de vida?

Boa noite.

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