segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Quem é você?

Quem é o trabalhador? Quem é você?
Quem é do povo negro? Quem é você?
Quem manda no Estado? Quem manda em você?
Quem casa legalmente? Quem pode expressar afeto por você?
Quem existe pra este mundo? Onde está você?

Nos defendemos tanto sem saber
Quem de fato pode nos atacar
Na selva de pedra, todo dia é uma batalha
Só a morte é o fim da guerra

Quem sofre por seu gênero? Quem faz você sofrer?
Quem não pode acessar a sociedade por conta de sua deficiência? O que faz você?
Quem é internado por tentativa de suicídio? Quem cuida de você?
Quem é você? Será que sabe ler? Conhece algum analfabeto funcional?

Nos defendemos tanto sem saber
Quem de fato pode nos atacar
Na selva de pedra, todo dia é uma batalha
Só a morte é o fim da guerra

Vergonha, auto-humilhação, auto-mutilação
Definhando por não comer ao ver um corpo dismófico? Quem é você?
Falsa humildade, vaidade, brinca com as necessidades alheias
Quem é você? Você atravessaria o mundo pra alterar o que a natureza fez de você?

Nos atacamos tanto sem saber
Por que é necessário matar?
Homem-primata, destruição tecnológica
Mata árvore, mata boi, mata Atlântica
Mata o outro sem nem olhar pro lado
O próximo é você?
Pelo bolso, mata povos inteiros
Só falta querer fazer o mesmo no céu

Quem compra sua comida? Quem a planta pra você?
Bebida suja na natureza limpa, melhor açúcar e sal com gás
Você tem sede de quê? Você bebe o sangue de quem?
Quem se diverte por termos diferenças?
Qual a arte de rir de quem está marginalizado?

Nos defendemos tanto sem saber que já sabemos...

Legião e Titãs

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Matemática

Todos somos produtos
A ordem dos produtos não altera o resultado
A soma de todos é 1
Não cabe diminuir, menosprezar
Toda vida é sagrada
Dividir para conquistar?
Unir para completar!

O mundo natural, amoral
Nos mostra apenas o que é real
O racional que nos guia aos imaginários
Mostra como somos complexos
E como por eles nos tornamos irracionais por inteiro

O ábaco dos anos não é programado
Tal qual um relógio de areia
A teia do tempo se curva no espaço
E tudo o que sabemos se torna irrelevante
Vazio como um instante fora do universo
O tempo é o mais sagrado deus humano

Operando a vida, o médico entra em ação
Suas mãos robóticas e o ambiente esterilizado
O fôlego paralisando, escuridão...
Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma
Um papel e uma cirurgia me renovam
A morte e a vida em uma superposição de estados
A incompreensão dos outros é tão forte
Quanto a metáfora do gato quântico

Sigo sendo eu mesma integralmente
Infinitesimal nesse mundo contínuo
Me encontrar pelo caminho
Sem atalhos, sem derivar por outros caminhos
Sei que vou encontrar resistências
Vou ser induzida a comportamentos negativos
Mas sei também que sou capaz de poder ajudar todos os seres
A se sentirem e a serem mais positivos

A ciência e a arte me emocionam
Ondas que reverberam por todas as selvas
Me enchem os ouvidos de felicidade
O canto que vem das pedras
Ou da existência pacífica dos outros ambientes
A luz que me ilumina, faça lua ou faça sol
Os gostos e cheiros que se espalham dentro do meu corpo
Em cada fase da vida
Mexem com frequência no meu coração

Força, vai dar tudo certo
Basta um impulso para acelerar
Depois disso basta ser constante
O que está em movimento continuará no movimento
Internamente, gira a bússola
É hora de me mudar

A equação da vida
É um eterno caminhar