terça-feira, 14 de julho de 2015

Oito meses

Os dias passam devagar
As paredes e o teto me confundem mudando de cor
Cada tom varia durante o dia
O sol e as lâmpadas compõem uma música lenta e melancólica

De repente, não há portas ou janelas
O mundo gira dentro da minha cabeça e não há escapatória
Como numa máquina de lavar
Meus pensamentos ficam imersos, são sacodidos, e se debatem dentro de mim
A vontade de desligar da tomada é enorme, mas tenho uma conexão mais forte
Mesmo que a vida não tenha nenhum sentido, mesmo que tudo o que a gente faça fique num passado esquecido
A sepultura ainda não é lugar pra mim
Não é lugar pro meu amor ou pra minha compaixão

Um amor correspondido é como a mesma vida em duas pessoas
Meu amor e minha vida, agora no mesmo lugar
Oito meses, oito anos, oito séculos
Vai ser eterno enquanto carregarem nossa existência
Mas que existam tantos outros amores por aí para nos diluir e um dia deixar nossos laços em paz

A completude existe na vacuidade de não sermos dois
A vida, nem cansada, nem repetida, vai nos carregando pra novos destinos

O tempo vai passando
Não sei mais onde estão as paredes e a chuva me molha friamente
O vento e o temporal compõem um lindo quadro na minha janela
A porta se abre
Ele chegou

domingo, 5 de julho de 2015

Sinto

Sinto meus pés a cada passo
Sinto meu coração acelerado
Sinto uma música no meu viver
Vivo a sensação de assim me ser

Danço como gira o mundo
Me abro como as asas de um pássaro
Pinto de rosa minha felicidade
Saia é a minha intimidade

Recomeço tudo e vago
Com os pés no chão do amor
E a mente num estado libertador

Sou nova e sempre a mesma
Sou amada, porque me quero bem
Sou eu, nunca me senti tão eu antes

Obs.: Sentire significa tanto sentir quanto escutar em italiano.