domingo, 5 de dezembro de 2021

Aproximando sorrisos

Tu estavas tão ocupada
Com teus afazeres pra lá e pra cá
E eu toda arrumada
Estava onde queria estar

Entre um drinque e uma batata
A noite passava
Eu me distraía conformada
Sabia que a hora ia chegar

Na minha frente, tu paralisada
Muitas histórias queres me contar
Eu sempre atenta
Vejo tua mão se aproximar

Adorei o teu sorriso
Quero ele coladinho ao meu
Quando chegar o momento
Não quero tu te vás

Uma noite em Porto Alegre.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Mais uma vez

Eu te conheço há tanto tempo, não precisava voltar. Como posso confiar em mim mesma se te deixar entrar? Eu sei que o sol vai voltar amanhã, mas essa noite dura tanto tempo. ¿Se a noite não encerra, eu me encerro e não saio mais disso? Não é justo ou adequado. É pura covardia e inação.

Afinal, ¿medo do quê se o que me machuca é ficar neste lugar inútil e fúnebre?

¿Como posso numa semana estar altiva e confiante e, noutra, trapo velho? ¿Será isso tudo fuga?

Eu realmente queria aguentar pra ver o sol, só que essa noite me cansa demais. É pior do que correr em círculos, é correr numa esteira que anda contra mim e querer acabar uma maratona.

Muitos dias eu só estou fraca, limitada, debilitada, besta, presa. Enquanto isso, o mundo não para de girar. 24 horas rodam pra todo mundo.

Neste parágrafo nada é relativo. Sou absolutamente nada. Uma mera imagem num espelho sem ter no que se espelhar. ¿Será que eu estou tão machucada que estou me anulando? 

E assim vou navegando, pois navegar é necessário, viver não é necessário. Nenhum destino a chegar, nenhum porto pra descansar. Preciso de terra firme.

Tem gente que não sabe amar. Eu por exemplo, só sei me doar. Não esperar nada em troca é altruísmo, apatia ou negligência? Não tenho como olhar com generosidade a mim mesma, pois o barco apenas navega sem chegar a lugar algum. Nada se completa, estou desconectada de tudo. Nada nem ninguém pra confiar. ¿Como vou confiar em mim mesma?

Esta reunião precisa se encerrar, você precisa ir embora. Nunca foi boa companhia, eu não gosto de você. Não faz diferença se vem avisando antes ou se chega de surpresa. Mas você sempre volta. Vive a me machucar, ¿será que um dia eu vou aprender?

segunda-feira, 17 de maio de 2021

De um lado a outro

Eu fico pensando
                        De dia na cadeira
Em quanto eu me amo
                        De noite na cama
E quando
 
                        Na internet
Eu fico ditando
                        Na rede
Cogitando
                        No mundo
 
Fugindo
                        Pela janela
Mergulhando
                        No profundo
Caindo
 
                        Na garganta
Grito
                        No peito
Vejo
                        No ocaso
Meu desejo

Desordem

Planejar indefinidamente
Buscar o futuro da vida
Sem presente, sem disciplina
Tudo em desordem
 
O erro é a organização
Coordeno atividades inexistentes
O posterior, infelizmente,
Está nos meus olhos

Não me mostre como viver
Não sou capaz de botar em prática
Não me mostre como morrer
Pois vou sentir sua falta

Olho pro software, update
Perdi o caminho da atualização
Pane no sistema, travou
Vamos reiniciar mais uma vez

Estou desconectada
Nem no cabo, nem no ar
Ignoro o mundo e finjo que tá tudo bem
Mas eu sei que tudo arde lá fora

Não me ensine como viver
Você nunca soube fazê-lo
Não me ensine como morrer
Também não existe companhia
Ao fim de tudo...

System of a Down, Audioslave, Pitty. O rock que me ensinou a me permitir sentir dor.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Leve como o mar

O breu profundo nos meus olhos
Meu vestido longo, em fenda alta
Um azul profundo no balanço,
Nas ondas do teu compasso

Como o mar se chocando em terra firme
Eu sentia teu coração pulsar colado ao meu peito
Do meu seio fluia suor e tensão
Das tuas pernas, tesão

Há quem se engane
O oceano não produz ondas
Quem emite conduz a dança

Fecho os olhos, o mundo se reduz
Ao teu braço na minha cintura
Me deixo conduzir