sábado, 26 de outubro de 2019

Intratexto

Não nós apeguemos às palavras, às formas. Este texto podia não ter pontuação. Estar escrito em inglês, italiano. Quiçá coreano ou em mandarim. O texto é o espaço que conecta duas pessoas. O texto pode ser perene, mas muda seu sentido como um rio muda seu percurso. Às vezes, o rio se junta com outros rios e concentra uma enorme quantidade de água doce, peixes, algas, moluscos, entre outros. Às vezes, o rio vira córrego, seca. Às vezes, o Rio é desviado à força, por castores ou humanos. O rio evapora, nutre e se mistura. O rio é este texto.















Não nós apeguemos à forma. A água é como um texto. Percorre o caminho dos tempos. Dura milésimos de segundos a milhares de anos. O texto nutre, é repassado e quando as pessoas sentem que é bom passar ele à frente, ele segue percorrendo seu caminho. Às vezes, evapora, se perde ou é perdido. O texto pode se conectar com outros pensamentos e mover montanhas de pessoas. Até desaguar, enfim.















Repito, não nos consumemos pelas formas. Sou o banqueiro anarquista e o alienista. Não às formas. Até as formas estarem conosco novamente. Aí, sim às formas.

"Se duas pessoas vem em direções opostas de uma estrada com um pão cada uma, e ao se cruzarem trocarem os pães, cada uma irá embora com um pão. Se duas pessoas vem em direções opostas de uma estrada com uma ideia cada e ao se cruzarem, trocarem as ideias, cada uma irá embora com duas idéias." Provérbio chinês

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Dedos

O tempo escorre por entre os meus dedos
Entre os meus dedos espaça o vento
Carregando o tempo por outros ventos

O tempo foge através de cada passo
O passo se apressa atrás do tempo
Deixando mais tempo para trás

A areia passa pelos dedos ao caminhar
Eu passo tempo com areia no calcanhar
O vento leva a areia através dos tempos

Eu fujo tentando ficar no mesmo lugar
Acaba o tempo, hora de zarpar
Por onde passo, o vento carrega meu tempo

As velas a me carregar
Me empurram pra longe do porto
Os ventos me empurram pra outros tempos

Os medos são levados pelo vento
Que traz outros tempos e outros medos
Eu lambuzo os dedos em outros tempos

O tempo escorre por entre os meus dedos
A navegação precisa, a vida imprecisa
Eu lambo os dedos, deixo o tempo me entranhar

O medo escorre por entre os meus dedos
Meus próprios ventos
Que me carregam através dos tempos

Obrigada, Pitty, por me mostrar seus medos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Lobo do homem

Não precisamos mais da guerra
Já contamos com exércitos permanentes
Tomando conta de braços e mentes
Colônias são espólios de gente e terra
Controlando o mundo todo

Com uma mão, alimentamos o lobo
Que quer nos devorar
Cães de guarda a nos subjugar
Protegendo o capitalista
Que vem nos esmagar

¡O petróleo é o genocídio mundial!
¡O petróleo é o genocídio mundial!
O petróleo é a locomotiva do capital
Que vem nos atropelar

Com a outra mão, abrimos o caminho
Em busca da nossa liberdade
Damos a mão ao próximo
Unidos revelamos a verdade
Apenas nós produzimos a realidade
Que eles querem controlar

O anarquismo é a nova ordem mundial
O anarquismo é a nova ordem mundial
Ninguém vai nos reprimir
Quando pararmos as fábricas de destruição
¡Permanentemente!
¡Permanentemente!