segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Così è l'amore

Meu amor, um pedaço de tudo
Meu amor, mais um mundo
Meu amor, o mundo inundo
Meu amor, assim te imundo

Assim que cada beijo meu se desfaz
Eu perco em mim um pedaço de mar
Se indo cada vida que eu tive, amar
No teu quebra-cabeças, como uma peça a mais

Cada pensamento me faz pensar que sou tua
E que cada momento se resolve em teu olhar
Na vivência da distância, me reflito na lua

A lua que molha tua praia
Só de pensar em ti, se ia cada idéia 
Se ia cada desejo, cada vontade minha 

Ah, estar ébria e ser tua.

domingo, 16 de dezembro de 2012

A novidade

A novidade era o máximo
De tudo o que eu não entendia
A fome expiada na oração
A luxúria, na plantação

Tinham mais comida do que precisavam
Enquanto a novidade vinha dar as caras
Uma novidade ainda rara
De uma vontade que já se ia

A novidade ia passando a olhos nus
Num período em que o mínimo era tudo
E o que eu tenho agora é nada

Um máquina descontrolada governa meu destino
A novidade é uma faca afiada
Apontada para a pobreza

Ah, Gilberto Gil e uma de suas músicas mais geniais

Nada a declarar

Escutava com paciência cada segundo passar
Enquanto a paisagem se mexia a olhos vistos
A onde está indo cada pedaço desta cidade?
Onde posso encontrar um pedaço de mim?

Era um sorriso que abria o mundo
Que se repetia em cada face nova
Que se esvaia em cada passo em direção ao futuro
Que se extinguia como a chama na floresta

Eles corriam freneticamente trazendo o progresso
Fingiam que o bem maior estava por vir
E diziam que um pedaço de papel validava tudo

Eu, paciente da situação,
Aguardava o doutor que me disse
Não tenho nada a declarar

Quando a técnica é sobrepujada pela vontade.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A falta

Não é separação, quando dois ainda se gostam
Não é tempo se os dois ainda querem se ver
Não é medo se o que se sente é prazer
Não é mesmo, mesmo se assim acabe

De longe, a chuva vem molhando a janela
De perto, o vento traz o arrepio
Frio é estar longe de quem se quer bem

Estar longe, mesmo sendo o último
Ser distante, quando o próximo está perto
Saudade, que quer que signifique aos outros

Em mim, meu pedaço a menos
Enfim, ele volta crescendo
No fim, como um ramo de árvore em busca do sol

A falta que a falta faz.

domingo, 22 de julho de 2012

In nome dell'amore

Caminavo tranquila nel parco e ho pensato
Che bella mattina! Il vento nel viso e le parole nella testa
Mi sentivo leggera como il tempo
Stavo ricordando di ieri sera

Lui mi ha chiamato e quando ho girato per vederlo
Nostri occhi si hanno fermato insieme
Un baccio caldo, le mani tremule
É stata la prima volta in che ci conosciamo in verità

Circa noi, solo la nostra intimità e i nostri amici
Parlavano delle bugie sull'innamorati
E se quando finisce l'amore rimane amicizia

Ieri sera, le persone nella sala da pranzo
Erano occupati di nascere e morire
D'amore

Grazie, Rita Lee.

Versão em português:
Em nome do amor

Caminhava tranquila no parque e pensei
Que bela manhã! O vento na cara e os pensamentos na cabeça
Me sentia leve como o tempo
Estava me lembrando de ontem à noite

Ele me chamou e quando girei para vê-lo
Nossos olhos pararam juntos
Um beijo quente, as mãos trêmulas
Era a primeira vez em que nos conhecíamos de verdade

Próximos a nós, só a nossa intimidade e os nossos amigos
Falavam das mentiras sobre os namorados
E se quando acaba o amor, fica a amizade

Ontem à noite, as pessoas na sala de jantar
Estavam ocupadas em nascer e morrer
De amor

Obrigado, Rita Lee. Tá, esse não passou no meu senso de estar bem escrito, mas eu queria treinar meu italiano, hehe. Era um tema muito melhor para um conto, mas por hora ficará assim.

sábado, 26 de maio de 2012

Sente-a

Beija eu
Seja eu
Veja eu e então beija
O que é seu é seu
O seu olhar é seu
O seu beijo
É o seu olhar
O seu olhar é seu
Seu olhar melhora
O meu e o seu

O seu olhar
Beija eu
Deixa eu
Meu olhar no céu
Foi o que se escondeu
Então leia eu
Risca eu
Lembra eu
E lembra do que aconteceu
E só fica comigo
Se eu seja eu

Obrigado Marisa Monte e Arnaldo Antunes. Sua arte me faz melhor. Fico feliz de que eu não consigo querer mal, e mesmo que possa ter acabado, o que foi passado será lembrado. Felizmente não digo que adoro uma pessoa e subitamente não a quero bem. Nunca esqueça, quando estiveres com uma pessoa de quem gostas, sente-a, ;) and keep sweet...

domingo, 13 de maio de 2012

Máscara

Estava sozinho há tempos
Idéias, vontades e desejos não são companhias
E quando dançar se torna uma forma de se relacionar
Escrever se torna uma forma de fugir

Quando eu acho que devo avançar
Tu te escondes e parece que nada é sério
E quando eu recuo, sem saber o que fazer
O ataque é rápido, me perco em nós

Podes ser complicada, confusa, ilógica
Distante, arredia, intensa
E o que faço? Paro de pensar.
Te sinto!

Sem medo e sem pudor
Te adoro
Cada vez mais te conheço
Cada vez mais me conheço

E assim, no Brasil, acaba o monopólio da correspondência. Uma paixão nova, uma sensação nova.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Toda forma de prazer

Eu não presto atenção no que eles dizem,
Eles não dizem nada, não sabem de nada
Maluf e Sarney tiram sarro
De você que não faz nada

Toda forma de poder
É uma forma de prazer por nada
Toda forma de disputa
Transforma a luta em palhaçada

Tudo passa, quem sabe eu passe por aí
E te faça lembrar tudo o que fiz
Tudo passa, eu vou passar aí
E te fazer esquecer

A força se repete
E faz a história mostrar as forças mal contadas
E eu começo a achar normal
Que algum exército atire bombas na faixa de gaza

Tudo passa, quem sabe eu passe por aí
E te faça lembrar tudo o que fiz
Tudo passa, eu vou passar aí
E te fazer esquecer

O fascismo é ignorante
E faz a gente fascinante ignorada
Não me deixam ir adiante
Por que a coisa toda tá errada

Toda forma de poder
É uma forma de prazer por nada
Toda forma de poder
É uma forma de prazer por nada

Em resposta aos arquitetos de tramandaí.

sábado, 3 de março de 2012

Calma

Tudo está em calma
Não há dor, fome ou tristeza
Nem maldade, inveja ou preocupação

O vento passa pelo meu rosto
É como a paz
Sabe quando aquele dedo se acarinha pelo rosto?
É como a paz

Calma, calma
Sempre que penso em ti
Minha vida se faz calma

Sensação tranquila
Que passa pelas minhas vontades
É calma
Que me guia com bondade

Calma ao ver o sol
Ao escutar o mar
Ao sentir teu olhar
Ao nos ver dançar
Ao caminhar na praia
Ao dividir
Ao multiplicar

Calma é estar em si e não em outro lugar
Calma é um pedaço de todas as coisas
Que te deixam calma

Calma,
Não é preciso parar para sentir calma
É preciso ter calma para realmente se desligar

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Metamorfose

Durante o dia, acordei diferente
Era claro e me olhava tanta gente
Que ao me mexer para frente
Escorreguei e cai de repente

Meus pés estavam menores
Minhas mãos mais delicadas
Minhas idéias intricadas
Meus desejos melhores

E saber que a mudança não tem algozes
Faz-me ficar mais dona de mim

A aparência é uma mentira da sociedade
E mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira

Sr. Kafka, grato pela sua literatura. Uma pena não ter sido reconhecido vivo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Deixe as pedras rolarem

Quando eu corri o mundo
Me apedrejaram e gritaram
Que o demônio estava comigo

Minhas drogas eram de outros
E a violência era só uma forma de expressão

Quando eu mandei no mundo
O mundo se virou contra mim
E mandou por anos
Até que todas as pedras parassem de rolar

Às vezes você me pergunta
Porque eu não deixei as pedras rolarem?
Eu respondo:
Elas estão rolando dentro de mim.

Quando eu corri no mundo
A guerra era uma forma de arte
Amar o próximo
Não é amar apenas o próximo que te ama

Faça o bem
Sem ver a quem
E saiba que o que vem
É gentileza

Às vezes você me pergunta
Porque é que eu não deixei as pedras rolarem
Eu respondo:
Você empurrou as pedras sobre mim,
Ou não?

Let's rock'in roll.

Amado

Quando eu vi os dias passarem
Pela janela o vento soprava novo
E o verde das folhas caia
Enquanto Roma estava fria

Os olhos são cúmplices de que algo se perdeu
O mundo cresce
E você se perdeu

Você me perdeu e não sabe porquê
Olha para os lados e não nos vê
Por quê?

Meu amigo não é deus
Por que deus não existe
Deus fica numa rocha
Longe de onde a gente vive

Minha amiga não é minha
Não porque esquece de mim
Mas porque esquece de si
Hoje, é só um pedaço de minha vida

Quantas vezes me fui amado
E você quis me mostrar como viver
Entretanto, no seu saber,
A vida corria mais rápido que você

Entenda, tive que abandonar
Para não me abandonar
Só então poderei retornar
Com meu sorriso pintado pela fantasia

Ou não

Eu queria ter uns anos 60
Para gritar contra quem faz
Destruir muros
Construir idéias
Abraçar amigos
E desconhecer os mundos

Hoje eu conheço os mundos
E só posso gritar contra quem fez
Os mundos cresceram por sobre mim
Meu som é abafado
Pelo dinheiro de quem fez

Hoje, sou um escravo de ninguém
Sou metal contra seus escudos
Meus golpes são fracos
E minha jornada é dura

Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Anos 60, 60 anos depois
As maiores potências do mundo
São multiculturais
Pois são várias nações unificadas pelo poder

Queria querer soprar setecentas mil vezes
Por mais de zil anos
Toda incompetência e intolerância
Para longe

Enquanto metais brasileiros
Navegam em navios ingleses
Para indústrias na China
Com tecnologia alemã
Para vender nos Estados Unidos

Eu meço minha força
Vejo os mundos e digo:
O mundo é maior do que eu.
Ou não.


Um rap-folk de origem árabe, cantado para eslavos nas terras de australianos com guitarras alemãs e tambores ruandeses.
Nós somos uns boçais.


É proibido proibir

É proibido proibir
Disse o garoto com uma bandeira na mão
Enquanto esperava um líder
Para erguer a sua paixão

Seus símbolos são mais importantes
Que os amigos que tem por perto
E ter um milhão de amigos
É viver na solidão

A luta é tão dual quanto seu pensamento
E estar de um lado
É odiar o outro
Enquanto todos querem a mesma paz

Enquanto o homem não estiver em paz consigo
Só verá guerra
E a paz será uma bandeira na lua

Conquistar a terra, o céu e o mar
É trinfar com uma riqueza inventada
Enquanto seus próprios valores definham

Aquele garoto com uma bandeira na mão
Deve estar pensando:
Não somos mais os mesmos
Mas vivemos como nossos pais

Línguas

Ainda que eu falasse a língua dos homens
Minhas palavras mudas
Seriam inúmeras
E o som machucaria

Ainda que eu falasse a língua dos anjos
Minhas palavras-músicas
Seriam númeras
E um canto soaria

Ainda que eu falasse a língua dos outros
Sem minha língua
Eu nada veria

Ainda que eu falasse a minha língua
Suas palavras lúcidas
Seriam loucas
E eu nada entenderia

Mesmo se eu falasse a minha língua
E cantasse com os homens
Visse os outros
E entendesse os anjos
Sem amor, eu apenas me machucaria

Aos diversos gênios que tem alimentado minhas vontades.