sábado, 29 de dezembro de 2018

Círculos

Existem certos círculos que delimitam a realidade social. Os campos discutem, mas a ascensão da internet permite que outsiders tenham legitimidade pelo poder de influência. Essa é a própria discussão da democracia na política: será que apenas porque você convenceu mais pessoas a te escolher - depois de ser permitido pelas elites políticas -, você é de fato capaz e ético para liderar os interesses do conjunto de milhões de pessoas, os recursos de milhões de hectares de terra, os direitos e deveres?

A democracia não é um pacto que permite suicídio coletivo. Este blog sempre foi um espaço para a poesia, por que vejo muita beleza na arte da palavra, principal da palavra escrita. Mas os textos são apenas uma organização de símbolos que carregam significados sociais que são apropriados pelos indivíduos gerando sensações e sentidos internos. Assim, a própria existência destes símbolos organizados é a necessidade de existência do significado. Sem significado, eles não existem.

As pichações são indecifráveis pra quem pensa com a estética média e burguesa, mas as gangues as percebem de forma muito clara. Cada pichação é uma tentativa de deixar uma mensagem. Muitas vezes são: eu consegui chegar aqui.

Estes poemas giram em torno dos dilemas que eu sinto e vão significar apenas para os que sentem coisas parecidas. Muitas vezes passam pela negação de valores sociais hegemônicos, mas a estética é muito próxima da utilizada pelos mesmos valores. Isso demonstra de onde vim: uma estética burguesa e média. Por isso, é difícil que deixem de ser medíocres. Se um dia forem lugar comum para a sociedade é por que esta emissora foi colocada em posições de poder. (¡Oxalá não sejam comparados com os terríveis marimbondos de fogo!)

E girando em círculos, há mais de década estes escritos marcam e demarcam quem eu fui no tempo. Minhas consistências e metamorfoses. Nas entrelinhas, existe uma autobiografia poética.

Outsiders do mundo, destruí-vos. São apenas emanações dos erros humanos que foram filtrados pela ciência. Seu sucesso é mero acaso probabilístico.

A face do destruidor.

domingo, 14 de outubro de 2018

Onde

Pra onde ir?
Só há um lugar no mundo
O mundo
Fugir do mundo é fugir da existência humana
Cobrimos cada canto do planeta com nossa existência
Somos em toda a parte
Nunca seremos de todo

Todos os lugares são iguais
Alguns caixotes de cimento diferente de outros
Mas caixotes para macacos morarem dentro
Carregam água limpa, alimentos,
energias e outros fluidos

Eu sou uma caçadora
Em um lugar escondido
Uma caçadora em busca da caça

Eu sou a caça
Num lugar proibido
Uma caça em busca da caçadora

O duelo final é um só
Um dueto
Em todos os lugares do mundo
Do meu mundo
Da minha terra
Do meu ventre
Do meu ser
Que nutre a caça
E a caçadora que busca
Não se tornar presa

Presa dentro um corpo moribundo
De um planeta fúnebre
Em que o ódio instrumentaliza a violência
O medo rega a paranóia
De um corvo depenando uma coruja

Não existe lugar no mundo
Para onde se possa ir
Mais longe do que se está
Em si

terça-feira, 8 de maio de 2018

Uma ode à loucura

A loucura é boa
A loucura enlouquece e se torna sã
A vida gira, isso é loucura
Milhares de fios entrelaçados sem sentido algum
Isso é loucura

A sociedade alternativa? Loucura
A lei? Mais ainda
Estou louca é viver
Viva enlouqueço os outros

As formas desfiguradas tomam conta das ruas
As linhas retas são uma ilusão
O clássico é um mito

Loucura de blusão no sol
Loucura pipocando
Loucura pela pela rua

A morte é o fim da loucura
O fim da loucura é morte
Loucura por dentro
Loucura por fora
Loucura em flautas

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Pop

Bolhas de sabão pelo ar
Crianças correm em minha volta
O sol ofusca minha visão
O vento alisa meu rosto

É tarde, tudo fora de compasso
Anoitece, o ritmo cresce
Pede o balanço e o passito
Carinho e charme a me esquentar

O sabor é doce
O resultado é o ritmo
O ritmo é me soltar

Você me segura no ar
Meu coração pára
POP, sinto estourar


Boas festas.