Sunlight

Today, I went to a park. As I walked by the trees, I saw all those flowers and suddenly felt: it's spring. Oh, God, that's why my mood recently got better. There is more daylight, the air is warmer but not enough to fry you like in summer. Or better, in winter, I spend less time dressing clothes and don't feel the need to rush to places just because the street is too cold and many times it's dark.

As the sunlight gently touch my skin, I hear birds singing. It's becoming rarer to hear birds in city and louder is the sound of cars, buses and trucks. These machines cannot give us joy, they are not made to bring us joy. They are here to be useful and just that.

That's why parks are becoming oasis in big cities. It's like a space to remember that we are human beings, animals, flesh and bones. We need water and food, not electricity. We need shelters, but we crave homes. We are here just in our life, living. It has a beginning, a middle and an end. A machine doesn't have a cycle, when will be the last time it would be turned on? Because it's doesn't have a life, the time it's on is only the time it's useful.

It's spring, let's walk by, eat a delicious dinner, have fun. We're not here just to be useful, we're not here just to bring them our work. Let's laugh, get away from repression, be together. Let's hear this music and dance. Play with our cats. And then, when we have enough, rest. Tomorrow, when weekend ends, it's still spring, and only then, we'll go to work in buses again.

Tic Tac

Bato o ponto, como quem deixa a alma

E entrego minha vida,

Tempo em que ela existe,

Sem chance de recuperá-la

Ampulhetas encarceram o caminho

Cronometrar a vida é medi-la artificialmente

Finge eficiência, pulsão de morte

Sem desejo, só controle

Ainda é tempo de viver

Minha vida é meu tempo

Estou viva neste momento

E no espaço desse breve intervalo

O despertador toca

Começa tudo novamente

Reaprender a sonhar

Quando foi que o sonho se tornou plano,

E o plano se tornou meta,

E a meta se tornou indicador acompanhado periodicamente

E fazemos as coisas apenas para atingir um indicador

 

Se não faz sentido continuar assim

Porque o mundo segue deste jeito?

Existe um mundo qualitativo

Que não é transmitido em números

Que está sendo esquecido

 

Podemos contar o afeto em número de abraços?

Com a raiva em número de gritos?

O esforço em número de passos?

A primavera em número de flores?

O carinho em número de afagos?
A paixão na quantidade de beijos?

 

É preciso retornar ao intangível

É preciso tocar o inimaginável

É preciso reaprender a sonhar

 

É amar além da conta,

O que é bom faz a história,

E se o hiato é saudade,

Te quero no meu futuro

 

O caminho é sentir

Se permitir não calcular

E agir, conforme desejar

Ser feliz, ser triste, tanto faz

 

O que poderia moderar então esse mundo?

A empatia,

Sumida desde que tudo se tornou números

E pelos números trabalhar,

Ela ficou tão em falta em tudo.

 

Liniker e Augusto dos Anjos.