quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Mais uma vez

Eu te conheço há tanto tempo, não precisava voltar. Como posso confiar em mim mesma se te deixar entrar? Eu sei que o sol vai voltar amanhã, mas essa noite dura tanto tempo. ¿Se a noite não encerra, eu me encerro e não saio mais disso? Não é justo ou adequado. É pura covardia e inação.

Afinal, ¿medo do quê se o que me machuca é ficar neste lugar inútil e fúnebre?

¿Como posso numa semana estar altiva e confiante e, noutra, trapo velho? ¿Será isso tudo fuga?

Eu realmente queria aguentar pra ver o sol, só que essa noite me cansa demais. É pior do que correr em círculos, é correr numa esteira que anda contra mim e querer acabar uma maratona.

Muitos dias eu só estou fraca, limitada, debilitada, besta, presa. Enquanto isso, o mundo não para de girar. 24 horas rodam pra todo mundo.

Neste parágrafo nada é relativo. Sou absolutamente nada. Uma mera imagem num espelho sem ter no que se espelhar. ¿Será que eu estou tão machucada que estou me anulando? 

E assim vou navegando, pois navegar é necessário, viver não é necessário. Nenhum destino a chegar, nenhum porto pra descansar. Preciso de terra firme.

Tem gente que não sabe amar. Eu por exemplo, só sei me doar. Não esperar nada em troca é altruísmo, apatia ou negligência? Não tenho como olhar com generosidade a mim mesma, pois o barco apenas navega sem chegar a lugar algum. Nada se completa, estou desconectada de tudo. Nada nem ninguém pra confiar. ¿Como vou confiar em mim mesma?

Esta reunião precisa se encerrar, você precisa ir embora. Nunca foi boa companhia, eu não gosto de você. Não faz diferença se vem avisando antes ou se chega de surpresa. Mas você sempre volta. Vive a me machucar, ¿será que um dia eu vou aprender?

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