sábado, 14 de maio de 2022

Silêncio

A violência é silêncio. Toda vez que silencio, é por violência. Quem cala, consente a violência. Violência é um tapa no rosto, um cale a boca. Boca que diz que eu não sou quem eu sou.

Violência. Me calar é violência. Não importa o que eu faça, eu nunca vou poder alterar o passado. Querer diferente disso é violência. Negar meu presente por que tenho um passado é me anular. Uma pessoa sem história é uma pessoa sem vida. E eu tenho vida. MUITA vida.

Querer? Eu quero ser livre. Eu quero ter prazer. Ou seja, eu quero viver. Eu quero carinho e afeto. Não por piedade. Meramente porque eu sou alguém. Alguém que tem carinho. Alguém que pode dar carinho. Alguém que quer dar carinho.

Querer parece um não lugar. Onde eu não existo. Queria também ser objeto de desejo. Mas sou nada. Um lugar que não existe. Melhor, estou em um não-lugar. Não há espaço natural pra mim. Único jeito de estar viva é tomar conta.

Ser desejante e desejada. Numa composição plural, múltipla. Porque a violência é a pior forma de desejo. Melhorem! A violência é o lugar da negação do desejo. O não-desejo é a indiferença.

Eu não sou indiferente. Regorgito os medrosos. Eu gosto dos que tem fome. Dos que secam de desejo. Dos que ardem. Só isso é viver. O resto é existir.

Existo, resisto, vivo. Viva! A todo caminho, uma força diferente. Juntas somos mudança. E há muito a mudar.

Violência? Pensa que eu sou violenta? É porque você está no meu lugar não me deixando entrar. O que vai me parar? Apenas eu. E mais nada. O silêncio não impera mais. Eu vou falar o que quiser, quando quiser. O que for necessário, conforme a minha necessidade. Nada vai ficar como está, conservador. Tudo isso vai acabar. E as minhas irmãs mais novas não vão mais precisar passar por isso.

Violência é você tentando me negar. Não esqueça, negar é desejar. Eu não vou te negar, pois não te desejo. E é esse não-lugar que vai acabar.

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