quarta-feira, 2 de março de 2022

Campo de guerra

Meu corpo é um campo de guerra. Explosões anti-auto-estima se amontoam pela pele. Tanques navegam pelas veias sem saber onde se encontra o inimigo. Há uma disputa tensa, com declações fortes e nenhum objetivo estratégico. É a auto-violência emulada pela violência externa. Nada resta de pé. Destruição como política de construção corporal.

Quero paz, quero encerrar essa guerra. Tantos ângulos meus que são lindos. Mas eu busco o ideal. O mundo ideal nunca vai ser o mundo real. Só o ideal pode ser perfeito, justamente por não existir. Mas eu sou no campo da existência. O ideal é a dor, e isso me atrai. Não é sadio buscar o ideal durante a existência. Não aceitar as próprias contradições. Nem saber escolher suas próprias batalhas.

A paz mundial é uma paz no meu corpo. E quem eu sou nessa história toda? A liberdade é também falta de força propulsora. É o fim da história. Eu não sei viver, me distancio da minha própria história. E isso intensfica a guerra. Afastar da história é buscar o ideal, o puro e o perfeito.

Isso porque eu não consigo encarar que eu sou. Em minhas derrotas, em minhas dores. A catástrofe é exagero do plano real, que é também uma leitura ideal da existência. Eu não consigo me encarar e fico fugindo na inércia. Ficar parada não é solução, é implosão onde a guerra impera.

Por isso, eu corro. Preciso correr. Pra longe disso tudo, e da guerra. E de mim, para poder voltar a mim.

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